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1.5 Limites infinitos

O limite de uma função nem sempre existe. Entretanto, em muitos destes casos, podemos concluir mais sobre a tendência da função. Por exemplo, dizemos que o limite de uma dada função f(x) é infinito quando x tende a um número x0, se f(x) é arbitrariamente grande para todos os valores de x suficientemente próximos de x0, mas xx0. Neste caso, escrevemos

limxx0f(x)=. (1.212)

A Figura 1.15, é uma ilustração de f(x) quando xx0.

Refer to caption
Figura 1.15: Ilustração de f(x) quando xx0.
Exemplo 1.5.1.

Vejamos o caso de

limx01x2. (1.213)

Ao tomarmos x próximo de x0=0, obtemos os seguintes valores de f(x):

x 101 102 103 0 103 102 101
f(x) 102 104 106 106 104 102

Veja o esboço do gráfico de f(x) na Figura 1.16.

Refer to caption
Figura 1.16: Esboço do gráfico de f(x)=1/x2.

Podemos concluir que os valores de f(x) podem ser tomados arbitrariamente grandes ao escolhermos qualquer x suficientemente próximo de 0, com x0. I.e.,

limx01x2=. (1.214)

Com o Python+SymPy, podemos computar este limite com o seguinte comando:

1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(1/x**2, x, 0)
4    oo

Atenção! Na verdade, este comando computa o limite lateral à direita. Na sequência, discutimos sobre limites laterais infinitos.

Definimos os limites laterais infinitos

limxx0f(x)= (1.215)

e

limxx0+f(x)=. (1.216)

No primeiro caso, os valores de f(x) são arbitrariamente grandes conforme os valores de xx0 e x<x0. No segundo caso, os valores de f(x) são arbitrariamente grandes conforme os valores de xx0 e x>x0.

Exemplo 1.5.2.
limx1+1x1=. (1.217)

De fato, conforme tomamos valores de x próximos de 1, com x>1, os valores de f(x)=1/(x1) tornam-se cada vez maiores. Veja o esboço do gráfico de f(x) na Figura 1.17.

Refer to caption
Figura 1.17: Esboço do gráfico de f(x)=1/(x1).

Com o Python+SymPy, podemos computar este limite com o seguinte comando:

1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(1/(x-1), x, 1, '+')
4    oo

Analogamente a definição de limite infinito, dizemos que o limite de uma dada função f(x) é menos infinito quando x tende a x0, quando f(x) torna-se arbitrariamente pequeno para valores de x suficientemente próximos de x0, com xx0. Neste caso, escrevemos

limxx0f(x)=. (1.218)

De forma similar, definimos os limites laterais f(x) quando xx0±.

Exemplo 1.5.3.

Observe que

limx01x (1.219)

e que não podemos concluir que este limite é ou . Isto ocorre, pois

limx01x= (1.220)

e

limx0+1x=+. (1.221)
Exemplo 1.5.4.
limx11(x+1)2=. (1.222)

De fato, podemos inferir este limite a partir do gráfico da função f(x)=1/(x+1)2. Este é uma translação de uma unidade à esquerda do gráfico de y=1/x2, seguida de uma reflexão em torno de eixo x. Veja a Figura 1.18.

Refer to caption
Figura 1.18: Esboço do gráfico de f(x)=1/(x+1)2.

Com o Python+SymPy, podemos computar este limite com o seguinte comando:

1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(-1/(x+1)**2, x, -1)
4    -oo

Novamente, observamos que este comando computa apenas o limite lateral à direita.

1.5.1 Assíntotas verticais

Uma reta x=x0 é uma assíntota vertical do gráfico de uma função y=f(x) se

limxx0f(x)=± (1.223)

ou

limxx0+f(x)=±. (1.224)
Exemplo 1.5.5.

O gráfico da função f(x)=1/|x| tem uma assíntota vertical em x=0, pois

limx01|x|=. (1.225)

Veja o esboço de seu gráfico na Figura 1.19.

Refer to caption
Figura 1.19: Esboço do gráfico de f(x)=1/|x|.
Exemplo 1.5.6.

A função f(x)=x3+2x24x8x21 não está definida para valores de x tais que seu denominador se anule, i.e.

x21=0 (1.226)
x0=1oux1=1 (1.227)

Nestes pontos o gráfico de f pode ter assíntotas verticais. De fato, temos

limx1+x3+2x24x83x210 =+, (1.228)
limx1x3+2x24x83x210+ =, (1.229)

e, também, temos

limx1+x3+2x24x89x210+ =, (1.230)
limx1x3+2x24x89x210 =+. (1.231)

Com isso, temos que as retas x=1 e x=1 são assíntotas verticais ao gráfico da função f. Veja a Figura 1.20 para o esboço do gráfico desta função.

Refer to caption
Figura 1.20: Esboço do gráfico da função f(x)=x3+2x24x8x21.
Exemplo 1.5.7.

(Função logarítmica) A função logarítmica natural y=lnx é tal que

limx0+lnx= (1.232)

i.e., x=0 é uma assíntota vertical ao gráfico de lnx. Isto decorre do fato de y=lnx ser a função inversa de y=ex e, esta, ter uma assíntota horizontal y=044endnote: 4Veja o Exemplo 1.4.7.. A Figura 1.21 é um esboço do gráfico da função lnx.

Refer to caption
Figura 1.21: Esboço do gráfico da função logaritmo natural.
Exemplo 1.5.8.

As funções trigonométricas y=tgx e y=secx têm assíntotas verticais x=(2k+1)π2 para k inteiro. Já, as funções trigonométricas y=cotgx e y=cossecx têm assíntotas verticais x=kπ para k inteiro. Consulte mais em Funções Trigonométricas nas Notas de Aula de Pré-Cálculo.

1.5.2 Assíntotas oblíquas

Além de assíntotas horizontais e verticais, gráficos de funções podem ter assintota oblíquas. Isto ocorre, particularmente, para funções racionais cujo grau do numerador é maior que o do denominador.

Refer to caption
Figura 1.22: Esboço do gráfico da função f(x)=x215x4.
Exemplo 1.5.9.

Consideremos a função racional

f(x)=x215x4. (1.233)

Para buscarmos determinar a assíntota oblíqua desta função, dividimos o numerador pelo denominador, de forma a obtermos

f(x)=(x5+425)quociente+9255x4resto. (1.234)

Observamos, agora, que o resto tende a zero quando x±, i.e. f(x)x5+425 quando x±. Com isso, concluímos que y=x5+425 é uma assíntota oblíqua ao gráfico de f(x). Veja a Figura 1.22.

Observação 1.5.1.

Analogamente à assintotas oblíquas, podemos ter outros tipos de assíntotas determinadas por funções de diversos tipos, por exemplo, assíntotas quadráticas.

1.5.3 Limites infinitos no infinito

Escrevemos

limxf(x)=, (1.235)

quando os valores da função f são arbitrariamente grandes para todos os valores de x suficientemente grandes. De forma análoga, definimos

limxf(x)=, (1.236)
limxf(x)= (1.237)

e

limxf(x)=. (1.238)
Exemplo 1.5.10.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    limxx2=

  2. b)

    limxx2=

  3. c)

    limxx3=

  4. d)

    limxex=

  5. e)

    limxlnx=

  6. f)

    limxex=

Exemplo 1.5.11.
limxx310x2+300 =limxx310x2+30011x31x3 (1.239)
=limx110x0++300x30+1x30+=. (1.240)
Proposição 1.5.1.

Dado um polinômio p(x)=anxn+an1xn1++a0, temos

limx±p(x)=limx±anxn. (1.241)
Exemplo 1.5.12.

Retornando ao exemplo anterior (Exemplo 1.5.11, temos

limxx310x2+300 =limxx3 (1.242)
=. (1.243)

1.5.4 Exercícios resolvidos

ER 1.5.1.

Calcule

limx1x21x. (1.244)
Solução.

Temos

limx1x211x0+=. (1.245)

Outra forma de calcular este limite é observar que y=1x0+ quando x1. Assim, fazendo a mudança de variável y=x1, temos

limx1x21x =limy0+y+12y (1.246)
=limy0+y1y (1.247)
=. (1.248)

Podemos usar o seguinte comandoPython+SymPy para computar este limite:

1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit((x-2)/(1-x), x, 1, '-')
4    -oo
ER 1.5.2.

Calcule

limx1ln|x1|. (1.249)
Solução.

Começamos observando que

ln|x1|={ln(1x),x<1,ln(x1),x>1. (1.250)

Então, calculando o limite lateral à esquerda, temos

limx1ln|x1| =limx1ln(1x)
=limy0+lny=.

Por outro lado, temos

limx1+ln|x1| =limx1+ln(x1)
=limy0+lny=.

Portanto, concluímos que

limx1ln|x1|=. (1.251)

Podemos usar os seguintes comandos Python+SymPy para computar os limites laterais:

1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(log(abs(x-1)), x, 1, '-')
4    -oo
5    >>> limit(log(abs(x-1)), x, 1, '+')
6    -oo
ER 1.5.3.

Calcule

limxx3+2x24x8x21. (1.252)
Solução.

Tratando-se de uma função racional, temos77endnote: 7Veja a Observação 1.4.1. Veja, também, o gráfico desta função na Figura 1.20.

limxx3+2x24x8x21 =limxx3x2 (1.253)
=limxx (1.254)
=. (1.255)
ER 1.5.4.

Calcule

limxe1x2. (1.256)
Solução.

Observamos que 1x2 quando x. Desta forma, fazendo a mudança de variáveis y=1x2, temos

limxe1x2=limyey=0. (1.257)
ER 1.5.5.

Calcule

limx1+x22x. (1.258)
Solução.

Podemos verificar que trata-se de uma indeterminação do tipo /. Neste caso, podemos calcular o limite pela multiplicação (em cima e em baixo) pelo inverso do fator dominante no radical, i.e. 1/x2. Ou seja, calculamos

limx1+x22x =limx1+x2x1x21x2 (1.259)
=limx1x2+x2x22xx2. (1.260)

Lembramos que x2=|x|. Como x, temos x2=|x|=x. Logo,

limx1x2+x2x22xx2 =limx1x2+x2x22x|x| (1.261)
=limx1x2+12xx (1.262)
=limx121x2+1 (1.263)
=12limx1x2+1 (1.264)
=12. (1.265)

1.5.5 Exercícios

E. 1.5.1.

Calcule

  1. a)

    limx0+x1

  2. b)

    limx0x3

  3. c)

    limx0+x5

  4. d)

    limx0±xn,n>0ímpar

Resposta.

a) ; b) ; c) ; d) ±

E. 1.5.2.

Calcule

  1. a)

    limx0+x2

  2. b)

    limx0x4

  3. c)

    limx0+x6

  4. d)

    limx0±xn,n>0ímpar

Resposta.

a) ; b) ; c) ; d)

E. 1.5.3.

Calcule

  1. a)

    limx1+1x1

  2. b)

    limx12x1

  3. c)

    limx121+x

  4. d)

    limx12(x+1)2

  5. e)

    limx1x23x+2x2+2x+1

Resposta.

a) ; b) ; c) ; d) ; e)

E. 1.5.4.

Determine as assíntotas verticais ao gráfico da função

f(x)=8x24. (1.266)
Resposta.

x=2; x=2

E. 1.5.5.

Determine as assíntotas verticais ao gráfico da função

f(x)=x+1x21. (1.267)
Resposta.

x=1

E. 1.5.6.

Calcule

limxex21. (1.268)
Resposta.

E. 1.5.7.

Calcule

limxx3+10x2300. (1.269)
Resposta.

E. 1.5.8.

Mostre que y=x2 é assíntota ao gráfico de

f(x)=x3+1x. (1.270)
Resposta.

Dica: Observe que f(x)=x2+1x e analise o limite de f(x) quando x±.

E. 1.5.9.

(Aplicação) Na física química, a Equação de Arrhenius88endnote: 8Svante August Arrhenius, 1859-1927, químico sueco. Fonte: Wikipédia. fornece a taxa de reação k (entre espécies químicas) em função da temperatura T [K]

k=AeEaRT, (1.271)

onde A>0 é o fator constante pré-exponencial, Ea>0 é a energia de ativação e R>0 é a constante universal dos gases. Para temperatura constante, a equação acima define a função k=k(Ea). Qual é a tendência da taxa de reação k quando T0+.

Resposta.

k0 quando T0+

E. 1.5.10.

(Aplicação.) A função logística tem aplicações em várias áreas do conhecimento como, por exemplo, na inteligência artificial e na modelagem de crescimento populacional99endnote: 9Consulte mais em Wikipédia: Função Logística.. Ela tem a forma

φ(x)=11+ex (1.272)

Encontre a(s) assíntota(s) horizontal(ais) dessa função logística.

Resposta.

y=0 e y=1

E. 1.5.11.

(Aplicação.) O fenômeno de desintegração espontânea do núcleo de um átomo com a emissão de algumas radiações é chamado de radioatividade1010endnote: 10Fonte: Wikipédia.. A lei fundamental do decaimento radiativo estabelece que a taxa de decaimento é proporcional ao número de átomos que ainda não decaíram. Isto nos fornece a equação da lei básica da radioatividade

N=N0eλt (1.273)

onde, N=N(t) é o número de átomos no tempo t, N00 é o número de átomos presentes no tempo inicial t=0 e λ>0 é a constante de decaimento. Qual a tendência de N quando t.

Resposta.

N(t)0 quando t


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