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1.4 Limites no infinito

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Limites no infinito descrevem a tendência de uma dada função f(x) quando x ou x. Dizemos que o limite de f(x) é L quando x tende a , se os valores de f(x) são arbitrariamente próximos de L para todos os valores de x suficientemente pequenos. Neste caso, escrevemos

limxf(x)=L. (1.148)

Veja a Figura 1.7.

Refer to caption
Figura 1.7: Ilustração da noção de limite de uma função quando x.

Analogamente, dizemos que o limite de f(x) é L quando x tende , se os valores de f(x) são arbitrariamente próximos de L para todos os valores de x suficientemente grandes. Neste caso, escrevemos

limxf(x)=L. (1.149)

Veja a Figura 1.8.

Refer to caption
Figura 1.8: Ilustração da noção de limite de uma função quando x.
Exemplo 1.4.1.

Vamos inferir os limites de f(x)=1/x para x e x. A Figura 1.9 é um esboço do gráfico desta função.

Refer to caption
Figura 1.9: Esboço do gráfico de f(x)=1/x.

Observamos que quanto menores os valores de x, mais próximos de 0 são os valores de f(x)=1/x. Daí, inferimos que

limx1x=0. (1.150)

Também, quanto maiores os valores de x, mais próximos de 0 são os valores de f(x)=1/x. Com isso, podemos concluir que

limx1x=0. (1.151)

Podemos computar estes limites com o Python+SymPy, usando os seguintes comandos:

Código 13: Python
1  >>> from sympy import *
2  >>> x = Symbol("x")
3  >>> limit(1/x, x, -oo)
4  0
5  >>> limit(1/x, x, oo)
6  0
Observação 1.4.1.

(Regras para o cálculo de limites no infinito) Supondo que L, M e k são números reais e

limx±f(x)=L (1.152)

e

limx±g(x)=M. (1.153)

Então, temos as seguintes regras para limites no infinito:

  • Regra da multiplicação por escalar

    limx±kf(x)=kL (1.154)
  • Regra da soma/diferença

    limx±(f(x)±g(x))=L±M (1.155)
  • Regra do produto

    limx±f(x)g(x)=LM (1.156)
  • Regra do quociente

    limx±f(x)g(x)=LM,M0. (1.157)
  • Regra da potenciação

    limx±(f(x))k=Lk, se Lk. (1.158)
Exemplo 1.4.2.
limx1x2+1 (1.159)
=limx1x2+limx1 (1.160)
=(limx1x)2+1 (1.161)
=02+1=1. (1.162)
Exemplo 1.4.3.

Consideramos o seguinte caso

limxx32x+123x3. (1.163)

Observamos que não podemos usar a regra do quociente diretamente, pois, por exemplo, não existe o limite do numerador. A alternativa é multiplicar e dividir por 1/x3 (grau dominante), obtendo

limxx32x+123x3 (1.164)
=limxx32x+123x31x31x3 (1.165)
=limxx3x32xx3+1x32x33x3x3 (1.166)
=limx12x2+1x32x33 (1.167)

Então, aplicando as regras do quociente, da soma/subtração e da multiplicação por escalar, temos

limxx32x+123x3 (1.168)
=limx12x2+1x32x33 (1.169)
=13. (1.170)
Proposição 1.4.1.

Dados dois polinômios

p(x)=anxn+an1xn1++a0 (1.171)
q(x)=bmxm+bm1xm1++b0 (1.172)

temos

limx±p(x)q(x)=limx±anxnbmxm. (1.173)
Demonstração.

Consulte o Exercício 1.4.8. ∎

Exemplo 1.4.4.

Retornando ao Exemplo 1.4.3, temos

limxx32x+123x3 (1.174)
=limxx33x3 (1.175)
=13. (1.176)

A ideia utilizada no Exemplo 1.4.3, também pode ser útil em limites no infinito envolvendo funções raiz.

Exemplo 1.4.5.

Vamos calcular

limxx2xx+1. (1.177)

A ideia é multiplicar em cima e em baixo por 1/x2. Seguimos

limxx2xx+11x21x2 (1.178)
=limxx2xx2x+1x2 (1.179)
=limx11xx+1|x| (1.180)
=limx11xx+1x (1.181)
=limx11x1+1x (1.182)
=11=1 (1.183)

1.4.1 Assíntotas horizontais

A reta y=L é dita assíntota horizontal ao gráfico da função y=f(x) se

limxf(x)=L (1.184)

ou

limxf(x)=L. (1.185)
Exemplo 1.4.6.

No Exemplo 1.4.3, vimos que

limxx32x+123x3=13. (1.186)

Logo, temos que y=1/3 é uma assíntota horizontal do gráfico da função

f(x)=x32x+123x3. (1.187)

Consulte a Figura 1.10.

Refer to caption
Figura 1.10: Esboço do gráfico da função f(x)=x32x+123x3.

Também, temos

limxx32x+123x3= limxx33x3 (1.188)
=13. (1.189)

O que reforça que y=1/3 é uma assíntota horizontal desta função.

Exemplo 1.4.7.

(Função exponencial natural)

limxex=0, (1.190)

donde temos que y=0 é uma assíntota horizontal da função exponencial natural. Veja a Figura 1.11.

Refer to caption
Figura 1.11: Esboço do gráfico de f(x)=ex.
Exemplo 1.4.8.

(Função logística) Na ecologia, a função logística 11endnote: 1Consulte mais em Wikipédia.

P(t)=K1+(KP0P0ert) (1.191)

é um modelo de crescimento populacional de espécies, sendo P(t) o número de indivíduos da população no tempo t. O parâmetro P0 é o número de indíviduos na população no tempo inicial t=0, r>0 é a proporção de novos indivíduos na população devido a reprodução e K é o limite de saturação do crescimento populacional (devido aos recursos escassos como alimentos, território e tratamento a doenças). Observamos que

limtP(t)=limtK1+(KP0P0ert0)=K (1.192)

Ou seja, P(t)=K é uma assíntota horizontal ao gráfico de P=P(t) e é o limite de saturação do crecimento populacional. Na Figura 1.12, temos o esboço do gráfico da função logística para t0.

Refer to caption
Figura 1.12: Esboço do gráfico da função logistica.

1.4.2 Limite no infinito de função periódica

Uma função f é periódica quando existe um número T tal que

f(x)=f(x+T), (1.193)

para todo x no domínio de f. As funções trigonométricas são exemplos de funções periódicas22endnote: 2Consulte mais nas Notas de Aula - Pré-Cálculo - Funções Trigonométricas.

O limite no infinito de funções periódicas não existe33endnote: 3À exceção de funções constantes.. De fato, se f não é constante, então existem números x1x2 tal que y1=f(x1)f(x2)=y2. Como a função é periódica, f(x1+kT)=y1 e f(x2+kT)=y2 para todo número inteiro k. Desta forma, não existe número L que possamos tomar f(x) arbitrariamente próxima, para todos os valores de x suficientemente grandes (ou pequenos).

Exemplo 1.4.9.

Não existe

limxsen(x), (1.194)

pois os valores de senx oscilam periodicamente no intervalo [1,1]. Veja a Figura 1.13.

Refer to caption
Figura 1.13: Esboço do gráfico de f(x)=senx.

Com o Python+SymPy, temos

Código 14: Python
1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(sin(x), x, oo)
4    AccumBounds(-1, 1)

indicando que o limite não existe, pois senx oscila indefinidamente no intervalo [1,1].

1.4.3 Exercícios resolvidos

ER 1.4.1.

Calcule

limx1x1+1. (1.195)
Solução.

Utilizando a regra da soma para limites no infinito, temos

limx1x1+1 =limx1x1+limx11 (1.196)
=limx(1x1)+1, (1.197)

observando que limx1/(x1) existe. De fato, o gráfico de g(x)=1/(x1) é uma translação de uma unidade à esquerda da função f(x)=1/x. Uma translação horizontal finita não altera o comportamento da função para x. Portanto, como f(x)=1/x quando x, temos que g(x)=f(x1)=1/(x1) quando x, i.e.

limx1x1=0. (1.198)

Portanto, concluímos que

limx1x1+1=1. (1.199)

Com o Python+SymPy, podemos computar este limite com o seguinte comando:

Código 15: Python
1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(1/(x-1)+1, x, oo)
4    1
ER 1.4.2.

Determine a(s) assíntota(s) horizontal(ais) do gráfico da função

f(x)=3x+4x410x3x2+2x4x. (1.200)
Solução.

Uma reta y=L é assíntota horizontal do gráfico de f, quando

limx±f(x)=L. (1.201)

Começamos com x, temos

limxf(x) =limx3x+4x410x3x2+2x4x (1.202)
=limx4x42x4=2. (1.203)

Logo, y=2 é assíntota horizontal ao gráfico de f(x).

Agora, vamos ver a tendência da função para x, temos

limxf(x) =limx3x+4x410x3x2+2x4x (1.204)
=42=2. (1.205)

Portanto, concluímos que y=2 é a única assíntota horizontal ao gráfico da função f.

Os seguintes comandos do Python+SymPy permitem plotar o esboço do gráfico da função f (linha azul) e sua assíntota horizontal (linha vermelha):

Código 16: Python
1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> f = lambda x: (3-x+4*x**4-10*x**3)/(x**2+2*x**4-x)
4    >>> L = limit(f(x), x, oo)
5    >>> p = plot(f(x), (x, -15, 15), ylim = [-4, 6],\
6        line_color = "blue", show = False)
7    >>> q = plot(L, (x, -15, 15), line_color = "red", show = False)
8    >>> p.extend(q)
9    >>> p.show()
ER 1.4.3.

Calcule

limxex. (1.206)
Solução.

Observamos que o gráfico de f(x)=ex é uma reflexão em torno do eixo y do gráfico da função g(x)=ex. No Exemplo 1.4.7, vimos que

limxg(x)=limxex=0, (1.207)

logo

limxex =limxg(x) (1.208)
=limxg(x)=0. (1.209)

Veja o esboço do gráfico de f(x)=ex na Figura 1.14.

Refer to caption
Figura 1.14: Esboço do gráfico de f(x)=ex.

Com o Python+SymPy, podemos computar este limite com o seguinte comando:

Código 17: Python
1    >>> from sympy import *
2    >>> x = Symbol("x")
3    >>> limit(exp(-x), x, oo)
4    0

1.4.4 Exercícios

E. 1.4.1.

Calcule

  1. a)

    limx10x

  2. b)

    limx10x1

  3. c)

    limx10x2

  4. d)

    limx1x2

  5. e)

    limx2(x+1)1

Resposta.

a) 0; b) 0; c) 0; d) 0; e) 2;

E. 1.4.2.

Calcule

  1. a)

    limxx12

  2. b)

    limx1(x+1)3

  3. c)

    limxxs,s>0

Resposta.

a) 0; b) 0; c) 0

E. 1.4.3.

Calcule

  1. a)

    limx2x

  2. b)

    limx(12)x+1

  3. c)

    limx23x+2

Resposta.

a) 0; b) 1; c) 2;

E. 1.4.4.

Calcule

  1. a)

    limxex+1

  2. b)

    limx3+ex

  3. c)

    limx2ex1

  4. d)

    limxeex

Resposta.

a) 1; b) 3; c) 1; d) e

E. 1.4.5.

Calcule

  1. a)

    limx1+x22x

  2. b)

    limx1+x22x

Resposta.

a) 12; b) 12

E. 1.4.6.

Calcule

limxcosx. (1.210)
Resposta.

não existe.

E. 1.4.7.

Calcule:

  1. a)

    limx1+ex.

  2. b)

    limx12xx+3ex1.

Resposta.

a) 1; b) 3

E. 1.4.8.

Dados dois polinômios p(x)=anxn+an1xn1++a0 e q(x)=bmxm+bm1xm1++b0, mostre que

limx±p(x)q(x)=limx±anxnbmxm. (1.211)
Resposta.

Dica: use as regras para o cálculo de limites.


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