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4.2 Métodos de Taylor de Alta Ordem

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Métodos de Taylor1111endnote: 11Brook Taylor, 1685 - 1731, matemático britânico. Fonte: Wikipédia:Brook Taylor. são usados para computar a solução numérica de Problemas de Valor Inicial (PVI) da forma

y=f(t,y),t0<ttf, (4.76a)
y(t0)=y0, (4.76b)

onde y:[t0,tf] é a função incógnita, dada f:[t0,tf]× e dado valor inicial y0.

Na Seção 4.1, vimos que a ordem do erro de discretização local do Método de Euler1212endnote: 12Leonhard Paul Euler, 1707-1783, matemático e físico suíço. Fonte: Wikipédia: Ronald Fisher. é também a do erro de discretização global. Este resultado é generalizado pelo Teorema 4.2.1, para todo o método de passo simples

y(0)=y0, (4.77a)
y(k+1)=y(k)+hΦ(t(k),y(k)), (4.77b)

onde y(k)y(t(k)), t(k)=t0+kh, h=(tft0)/n, k=0,1,2,,n.

Antes, lembramos que o erro de discretização local é definido por

τ(t,y;h):=Δ(t,y;h)Φ(t,y;h), (4.78)

onde

Δ(t,y;h):={y(t+h)y(t)h,h0,f(t,y(t)),h=0. (4.79)

Já, o erro de discretização global é definido por

e(t;hn):=y~(t;hn)y(t), (4.80)

onde y~(t;hn)y(t) dada por (4.2) para hn=(tt0)/n.

Com o objetivo de desenvolvermos métodos de alta ordem, podemos usar o polinômio de Taylor de ordem m de y=y(t)

y(t+h) =y(t)+hy(t)+h22y′′(t) (4.81)
++hmm!dmydtm(t)+hm+1(m+1)!dm+1ydtm+1(ξ),

donde

y(t+h) =y(t)+hf(t,y)+h22f(t,y) (4.82)
++hmm!dm1fdtm1(t,y)
+hm+1(m+1)!dmfdtm(ξ,y(ξ))

e, portanto

Δ(t,y;h) =f(t,y)+h2f(t,y) (4.83)
++hmm!dm1fdtm1(t,y)
+hm+1(m+1)!dmfdtm(ξ,y(ξ))

Isto nos motiva a iteração do Método de Taylor de Ordem m:

y(0)=y0, (4.84a)
y(k+1)=y(k)+hT(m)(t(k),y(k)), (4.84b)

onde

T(m)(t(k),y(k)) :=f(t(k),y(k))+h2f(t(k),y(k)) (4.85)
++hm1m!dm1fdtm1(t(k),y(k))
Exemplo 4.2.1.

Considere o PVI

y=y+sen(t),0<t1, (4.86a)
y(0)=12. (4.86b)

Vamos usar o Método de Taylor de Ordem 2 para computar sua solução e comparar com a solução analítica

y(t)=et12sen(t)12cos(t). (4.87)
h |y~(1)y(1)|
101 4.9e3
102 5.2e5
103 5.2e7
104 5.2e9
105 5.2e11
Código 9: taylor.py
1import numpy as np
2
3def taylor(Phi, t0, y0, h, n):
4    t = t0
5    y = y0
6    for k in range(n):
7        y += h*Phi(t, y, h)
8        t += h
9    return t, y
10
11def f(t, y):
12    return y + np.sin(t)
13
14def fl(t, y):
15    return f(t, y) + np.cos(t)
16
17def Phi(t, y, h):
18    return f(t, y) + h/2*fl(t, y)
19
20# analítica
21def exata(t):
22    return np.exp(t) - 0.5*np.sin(t) - 0.5*np.cos(t)
23
24h = 1e-1
25n = round(1/h)
26t,y = taylor(Phi, 0., 0.5, h, n)

4.2.1 Análise Numérica

Teorema 4.2.1.

(Convergência, [8, Cap. 7, Seção 7.2].) Considere o PVI (4.2), para t0[a,b] e y0. Seja Φ contínua em

G:={(t,y,h):atb,|yy(t)|γ,0|h|h0}, (4.88)

para h0>0 e γ>0. Sejam também, M,N constantes tais que

|Φ(t,y;h)Φ(t,z;h)|M|yz|, (4.89)

para todas (t,y;h),(t,z;h)G. Se, ainda, para algum p>0 e para todo t[a,b], |h|h0, temos a estimativa do erro de discretização local

|τ(t,y(t);h)|N|h|p, (4.90)

então existe h¯, 0<h¯<h0, tal que vale a seguinte estimativa do erro de discretização global

|e(t;hn)||hn|pNeM|tt0|1M, (4.91)

para todo t[a,b] e para todo hn=(tt0)/n, n=1,2,, com |hn|h¯.

Demonstração.

Seja

Φ~(t,y;h):={Φ(t,y;h),(t,y,h)G,Φ(t,y(t)+γ;h),t[a,b],|h|h0,yy(t)+γ,Φ(t,y(t)γ;h),t[a,b],|h|h0,yy(t)γ, (4.92)

A função Φ~ é contínua em

G~:={(t,y;h):t[a,b],y,|h|h0} (4.93)

e satisfaz

|Φ~(t,y;h)Φ~(t,z;h)|M|yz|, (4.94)

para todas (t,y;h),(t,z;h)G~. Ainda, como Φ~(t,y(t);h)=Φ(t,y(t);h), também temos que

|Δ(t,y(t);h)Φ~(t,y(t);h)|N|h|p, (4.95)

para t[a,b] e |h|h0.

Sejam, y~(k):=y~(t(k);h), t(k)=t0+kh, y~(0)=y0:

y~(k+1)=y~(k)+hΦ~(t(k),y~(k);h),y(t(k+1))=y(t(k))+hΔ(t(k),y(t(k));h). (4.96)

Definindo e~(k):=y~(k)y(t(k)), obtemos a fórmula de recorrência

e~(k+1) =e~(k)+h[Φ~(t(k),y~(k);h)Δ(t(k),y(t(k));h)] (4.97)
=e~(k)+h[Φ~(t(k),y~(k);h)Φ~(t(k),y(t(k));h)] (4.98)
+h[Φ~(t(k),y(t(k));h)Δ(t(k),y(t(k));h)]. (4.99)

Agora, de (4.94) e (4.95), temos

|Φ~(t(k),y~(k);h)Φ~(t(k),y(t(k));h)|M|e~(k)| (4.100)
|Δ(t(k),y(t(k));h)Φ~(t(k),y(t(k));h)|N|h|p (4.101)

Portanto, de (4.99), temos

|e~(k+1)|(1+|h|M)|e~(k)|+N|h|p+1 (4.102)

Então, do Lema 4.1.1, temos

|e~(k)|N|h|pek|h|M1M. (4.103)

Sejam, agora, t[a,b], tt0 fixo e h:=hn=(tt0)/n, n>0. Então, t(n)=t0+nh=t e de (4.103) temos

|e~(t,hn)|N|hn|peM|tt0|1M, (4.104)

para todo t[a,b], |hn|h0. Uma vez que |tt0||ba| e γ>0, existe h¯, 0<h¯h0, tal que |e~(t,hn)|γ para todo t[a,b] e |hn|h¯. Logo, para o método de passo simples (4.2) gerado por Φ, temos para |h|h¯ que

y~(k)=y(k), (4.105)
e~(k)=e(k), (4.106)
Φ~(t(k),y~(k);h)=Φ(t(k),y~(k);h). (4.107)

Concluímos que

|e(t,hn)|N|hn|peM|tt0|1M, (4.108)

para todo t[a,b] e hn=(tt0)/n, n=1,2,, com |hn|h¯. ∎

4.2.2 Exercícios

E. 4.2.1.

Use o Método de Taylor de O(h2) para computar a solução de

y+cos(t)=y,0<t1, (4.109a)
y(0)=12. (4.109b)

A solução analítica é y(t)=12cos(t)12sin(t). Faça testes numéricos com h=101, 102, 103 e 104, observe os resultados obtidos e o erro ε:=|y~(1)y(1)|, onde y~ corresponde a solução numérica. O erro tem o comportamento esperado? Justifique sua resposta.

Resposta.
h y~(1) |y~(1)y(1)|
1e1 1.52293e1 1.7e3
1e2 1.50602e1 1.8e5
1e3 1.50585e1 1.8e7
1e4 1.50584e1 1.8e9
E. 4.2.2.

Use o Método de Taylor O(h2) para computar a solução do PVI (4.2.1) com h=101. Faça um esboço do gráfico do erro e(t;h=101)=|y~(t)y(t)| e verifique se ele tem a forma esperada conforme a estimativa do erro global (4.91).

Resposta.

Dica: o gráfico de e(t;h=101) tem a forma de uma função exponencial crescente.

E. 4.2.3.

Use o Método de Taylor de O(h3) para computar a solução do PVI (4.2.1). Escolha o passo h de forma que a solução numérica tenha precisão de 6 dígitos significativos.

Resposta.

h=102, y~(1)=1.50584e1

E. 4.2.4.

Considere o seguinte PVI

y=y2ty,1<t2, (4.110a)
y(1)=2. (4.110b)

Compute a solução com o Método de Taylor de O(hp) com passo h=101:

  1. a)

    p=2.

  2. b)

    p=3.

  3. c)

    p=4.

Resposta.

Dica: y(2)=2.10171e1.

E. 4.2.5.

Considere o seguinte PVI

yt2y=0,1<t3, (4.111a)
y(1)=12. (4.111b)

Compute a solução com o Método de Taylor de O(hp) com passo h=101:

  1. a)

    p=2.

  2. b)

    p=3.

  3. c)

    p=4.

Resposta.

Dica: y(2)=2.90306e+3.

Análise Numérica

E. 4.2.6.

Considere o PVI (4.2.1). Verifique que o Método de Taylor de O(h2) satisfaz as estimativas do erro local (4.90) e do erro global (4.91). Forneça valor estimados para os parâmetros N e M.


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