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O teorema do valor médio é uma aplicação do teorema de Rolle.
O Teorema de Rolle fornece uma condição suficiente para que uma dada função diferenciável tenha derivada nula em pelo menos um ponto.
(Teorema de Rolle) Seja uma função contínua no intervalo fechado e diferenciável no intervalo aberto . Se
(3.51) |
então existe pelo menos um ponto crítico tal que
(3.52) |
A ideia da demonstração é uma consequência dos teoremas 25 e 3.2.2. O primeiro, que existem pontos de mínimo e máximos globais , i.e.
(3.53) |
Se , então é uma função contínua, donde segue que para todo . Agora, se , então ou é um extremo local. Sem perda de generalidade, supomos que seja o mínimo local. Neste caso, o teorema 3.2.2 nos garante que . ∎
O polinômio tem pelo menos um ponto crítico no intervalo e no intervalo . De fato,temos e, pelo teorema de Rolle, segue que existe pelo menos um ponto tal que . Analogamente, como também , segue do teorema que existe pelo menos um ponto crítico no intervalo . Veja o esboço do gráfico de na Figura 3.9.
De fato, como todo polinômio é derivável em toda parte, podemos calcular os pontos críticos como segue.
(3.54) | ||||
(3.55) | ||||
(3.56) |
Podemos usar os seguintes comandos2626endnote: 26Veja a Observação 3.0.1. para computar os pontos críticos de e plotar seu gráfico:
>>> p = x**3 - 4*x**2 + 3*x + 1 >>> pc = solve(p.diff()); pc [-sqrt(7)/3 + 4/3, sqrt(7)/3 + 4/3] >>> plot(p,(x,-0.5,3.5))
Vejamos os seguintes casos em que o Teorema de Rolle não se aplica:
A função
(3.57) |
é tal que , entretanto sua derivada no intervalo . Ou seja, a condição da ser contínua no intervalo fechado associado é necessária no teorema de Rolle. Veja a Figura 3.10 para o esboço do gráfico desta função.
Não existe ponto tal que a derivada da seja nula. Entretanto, notemos que e contínua no intervalo fechado . O teorema de Rolle não se aplica neste caso, pois não é derivável no intervalo , mais especificamente, no ponto . Veja a Figura 3.11.
O teorema do valor médio é uma generalização do teorema de Rolle.
(Teorema do valor médio2727endnote: 27Também conhecido como Teorema de Lagrange.) Seja uma função contínua no intervalo fechado e diferenciável no intervalo aberto . Então, existe pelo menos um ponto tal que
(3.58) |
O resultado segue da aplicação do Teorema de Rolle LABEL:teo:rolle a seguinte função
(3.59) |
De fato, é contínua em , diferenciável em e . Logo, existe tal que
(3.60) | |||
(3.61) | |||
(3.62) |
∎
Em um contexto de aplicação, o Teorema do valor médio relaciona a taxa de variação média da função em um intervalo com a taxa de variação instantânea da função em um ponto interior deste intervalo.
A função é contínua no intervalo e diferenciável no intervalo . Logo, segue do teorema do valor médio que existe pelo menos um ponto tal que
(3.63) |
De fato, e, portanto, tomando , temos .
(Funções com derivadas nulas são constantes) Se para todos os pontos em um intervalo , então é constante neste intervalo.
De fato, sejam e, sem perda de generalidade, . Então, temos é contínua no intervalo e diferenciável em . Segue do teorema do valor médio que existe tal que
(3.64) |
Como , temos . Ou seja, a função vale sempre o mesmo valor para quaisquer dois pontos no intervalo , logo é constante neste intervalo. ∎
(Função com a mesma derivada diferem por uma constante) Se para todos os pontos em um intervalo aberto , então , constante, para todo .
Segue, imediatamente, da aplicação do corolário anterior à função . ∎
(Monotonicidade e o sinal da derivada) Suponha que seja contínua em e derivável em .
Se para todo , então é crescente2828endnote: 28 é função crescente em um intervalo , quando em implica . em .
Se para todo , então é decrescente2929endnote: 29 é função decrescente em um intervalo , quando em implica . em .
Vamos demonstrar o item a), i.e. se para todo , então é crescente em . Sejam com . Observamos que é contínua em e diferenciável em . Logo, pelo Teorema do valor médio 27, temos que existe tal que
(3.65) |
ou, equivalentemente,
(3.66) |
Como para todo e , concluímos que , i.e.
(3.67) |
Com isso, mostramos que se com , então , i.e. é crescente em .
A demonstração do item b) é análoga, consulte o Exercício 3.3.6. ∎
Vamos estudar a monotonicidade da função polinomial . Na Figura 3.13, temos o esboço de seu gráfico.
Podemos usar o Corolário 3.3.3 para estudarmos a monotonicidade (i.e. intervalos de crescimento ou decrescimento). Isto é, fazemos o estudo de sinal da derivada de . Calculamos
(3.68) |
Logo, temos
Ou seja, no conjunto e no conjunto . Concluímos que é crescente nos intervalos e , enquanto que é decrescente no intervalo .
A função exponencial é crescente em toda parte. De fato, temos
(3.69) |
para todo .
Um carro percorreu 150 km em 1h30min. Mostre que em algum momento o carro estava a uma velocidade maior que 80 km/h.
Seja a função distância percorrida pelo carro e o tempo, em horas, contado do início do percurso. Do teorema do valor médio, exite tempo tal que
(3.70) |
Ou seja, em algum momento o carro atingiu a velocidade de 100 km/h.
Estude a monotonicidade da função gaussiana .
Para estudarmos a monotonicidade de uma função, podemos fazer o estudo de sinal de sua derivada. Neste caso, temos
(3.71) |
Assim, vemos que
Concluímos que é crescente no intervalo e decrescente no intervalo .
Estude a monotonicidade de .
Decrescente: ; Crescente:
Estude a monotonicidade de .
Decrescente: ; Crescente: ;
Estude a monotonicidade de .
Crescente:
Estude a monotonicidade de .
Crescente: ; Decrescente de
Demonstre que um polinômio cúbico pode ter no máximo raízes reais.
Dica: use o teorema de Rolle.
Seja contínua em e derivável em . Mostre que se para todo , então é decrescente em .
Dica: consulte a demonstração do item a) do Corolário 3.3.3.
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