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3.2 Extremos de funções

Seja f uma função com domínio D. Dizemos que f tem o valor máximo global2323endnote: 23Também chamado de máximo absoluto. f(a) no ponto x=a quando

f(x)f(a), (3.41)

para todo xD. Analogamente, dizemos que f tem o valor mínimo global2424endnote: 24Também chamado de mínimo absoluto. f(b) no ponto x=b quando

f(x)f(b), (3.42)

para todo xD. Em tais pontos, dizemos que a função têm seus valores extremos globais (ou extremos absolutos).

Exemplo 3.2.1.

A função f(x)=x2 tem valor mínimo global no ponto x=0 e não assume valor máximo global. A função g(x)=x2 tem valor máximo global no ponto x=0 e não assume valor mínimo global. A função h(x)=x3 não assume valores mínimo e máximo globais. Veja a Figura 3.1.

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Figura 3.1: Esboço das funções discutidas no Exemplo 3.2.1.
Teorema 3.2.1.

(Teorema do valor extremo2525endnote: 25Este é uma versão do chamado Teorema de Weierstrass) Se f é uma função contínua em um intervalo fechado [a,b], então f assume tanto um valor máximo como um valor mínimo global em [a,b].

Demonstração.

A demonstração foge dos objetivos deste texto. Caso tenha interesse, consulte [2]. ∎

Exemplo 3.2.2.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    A função 𝒇(𝒙)=(𝒙𝟏)𝟐+𝟏 é contínua no intervalo fechado [0,32]. Assume valor mínimo global 1 no ponto x=1. Ainda, assume valor máximo global igual a 2 no ponto x=0. Veja Figura 3.2.

    Refer to caption
    Figura 3.2: Esboço do gráfico de f(x)=(x1)2+1 no intervalo [0,32]. Veja o Exemplo 3.2.2 a).
  2. b)

    A função 𝒈(𝒙)=𝐥𝐧𝒙 é contínua no intervalo (0,e]. Neste intervalo, assume valor máximo global no ponto x=e, mas não assume valor mínimo global. Veja Figura 3.3.

    Refer to caption
    Figura 3.3: Esboço do gráfico de g(x)=lnx no intervalo (0,e]. Veja o Exemplo 3.2.2 b).
  3. c)

    A função

    h(x)={x,0x<1,0,x=1, (3.43)

    definida no intervalo [0,1] é descontínua no ponto x=1. Neste intervalo, assume valor mínimo global no ponto x=0, mas não assume valor máximo global. Veja a Figura 3.4.

    Refer to caption
    Figura 3.4: Esboço do gráfico de h(x) no intervalo [0,1]. Veja o Exemplo 3.2.2 c).

Uma função f tem um valor máximo local em um ponto interior x=a de seu domínio, se f(x)<f(a) para todo x em um intervalo aberto em torno de a, excluindo-se x=a. Analogamente, f tem um valor mínimo local em um ponto interior x=b de seu domínio, se f(x)>f(b) para todo x em um intervalo aberto em torno de b, excluindo-se x=b. Em tais pontos, dizemos que a função têm valores extremos locais (ou relativos). Um tal ponto é chamado de ponto de máximo local ou de mínimo local, conforme o caso.

Exemplo 3.2.3.

Consideremos a função

f(x)={(x+1)22,2x<12,|x|,12x<1,(x2)3+2,1x<3. (3.44)
Refer to caption
Figura 3.5: Esboço do gráfico de f(x) discutida no Exemplo 3.2.3.

Na Figura 3.5 temos o esboço de seu gráfico. Por inferência, temos que f tem valores máximos locais nos pontos x=1 e x=1/2. No ponto x=0 tem um valor mínimo local. Observamos que x=2, x=2 e x=3 não são pontos de extremos locais desta função. No ponto x=2, f tem seu valor mínimo global. Ainda, f não tem valor máximo global.

Teorema 3.2.2.

(Teorema da derivada para pontos extremos locais.) Se f possui um valor extremo local em um ponto x=a e f é diferenciável neste ponto, então

f(a)=0. (3.45)
Demonstração.

Vamos considerar o caso em que f possui um máximo local em x=a. Então, segue que

f(a)=limh0+f(x+h)f(x)h0 (3.46)
f(a)=limh0f(x+h)f(x)h0 (3.47)

Logo, f(a)=0. Para o caso em que f possui um mínimo local em x=a, consulte o Exercício 3.2.6. ∎

Deste teorema, podemos concluir que uma função f pode ter valores extremos em:

  1. a)

    pontos interiores de seu domínio onde f=0,

  2. b)

    pontos interiores de seu domínio onde f não existe, ou

  3. c)

    pontos extremos de seu domínio.

Um ponto interior do domínio de uma função f onde f=0 ou f não existe, é chamado de ponto crítico da função.

Observação 3.2.1.

Uma função tem valores extremos em pontos críticos ou nos extremos de seu domínio.

Exemplo 3.2.4.

Consideramos a função f(x) discutida no Exemplo 3.2.3. No ponto x=1, f(1)=0 e f tem valor máximo local neste ponto. Entretanto, no ponto x=2, também temos f(2)=0, mas f não tem valor extremo neste ponto.

No ponto x=0, f(0) não existe e f tem valor mínimo local neste ponto. No ponto, x=1/2, f(1/2) não existe e f tem valor máximo local neste ponto.

Nos extremos do domínio, temos que f tem valor mínimo global no ponto x=2, mas não tem extremo global no ponto x=3.

3.2.1 Exercícios resolvidos

ER 3.2.1.

Determine os pontos extremos da função f(x)=(x+1)21 no intervalo [2,1].

Solução.

Os valores extremos de um função podem ocorrer, somente, em seus pontos críticos ou nos extremos de seu domínio. Como f(x)=(x+1)21 é diferenciável no intervalo (2,1), seus pontos críticos são pontos tais que f=0. Para identificá-los, calculamos

f(x)=0 2(x+1)=0 (3.48)
x=1. (3.49)
Refer to caption
Figura 3.6: Esboço do gráfico da função f(x)=(x+1)21 discutida no Exercício Resolvido 3.2.1.

Desta forma, f pode ter valores extremos nos ponto x=2, x=1 e x=1. Analisamos, então, o esboço do gráfico da função (Figura 3.6) e a seguinte tabela:

x -2 -1 1
f(x) 0 -1 3

Daí, podemos concluir que f tem o valor mínimo global (e local) de f(1)=1 no ponto x=1 e tem valor máximo global de f(1)=3 no ponto x=1.

Podemos usar o Python+SymPy para computar os pontos extremos e plotar a função. Por exemplo, com os seguintes comandos:

1import sympy as sp
2x = sp.Symbol('x')
3f = sp.lambdify(x, (x+1)**2-1)
4# f' == 0
5xc = sp.solve(sp.diff(f(x),x), x)
6print(f"Pto. crítico xc = {xc}")
7print(f"f(-2) = {f(-2)}")
8print(f"f({xc[0]}) = {f(xc[0])}")
9print(f"f(1) = {f(1)}")
10sp.plot(f(x), (x,-2,1))
ER 3.2.2.

Determine os pontos extremos da função f(x)=x3 no intervalo [1,1].

Solução.

Como f é diferenciável no intervalo (1,1), temos que seus pontos críticos são tais que f(x)=0. Neste caso, temos

3x2=0x=0 (3.50)

é o único ponto crítico de f. Entretanto, analisando o gráfico desta função (Figura 3.7) vemos que f não tem valor extremo local neste ponto. Assim, seus pontos extremos só podem ocorrer nos extremos do domínio [1,1]. Concluímos que f(1)=1 é o valor mínimo global de f e f(1)=1 é seu valor máximo global.

Refer to caption
Figura 3.7: Esboço do gráfico da função f(x)=x3 discutida no Exercício Resolvido 3.2.2.

3.2.2 Exercícios

E. 3.2.1.

Considere que uma dada função f tenha o seguinte esboço de gráfico:

[Uncaptioned image]

Determine e classifique os pontos extremos desta função.

Resposta.

x=1 ponto de mínimo global; x=1 ponto de máximo local; x=2 ponto de mínimo local; x=52 ponto de máximo global.

E. 3.2.2.

Dada a função f(x)=x22x+3 restrita ao intervalo [1,2], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

Resposta.

a) x=1; b) x=1 ponto de máximo global; x=1 ponto de mínimo local e global; c) f(1)=6 valor máximo global; f(1)=2 valor mínimo local e global;

E. 3.2.3.

Dada a função f(x)=x2+2x+1 restrita ao intervalo [0,3], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

Resposta.

a) x=1; b) x=1 ponto de máximo local e global; x=3 ponto de mínimo global; c) f(1)=2 valor máximo local e global; f(3)=2 valor mínimo global;

E. 3.2.4.

Dada a função f(x)=x33x2+3x restrita ao intervalo [0,), determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

Resposta.

a) x=1; b) x=0 ponto de mínimo global;c) f(0)=0 valor mínimo global;

E. 3.2.5.

Dada a função f(x)=x1/3 restrita ao intervalo [1,1], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

Resposta.

a) x=0; b) x=1 ponto de mínimo global; x=1 ponto de máximo global; c) f(1)=1 valor mínimo global; f(1)=1 valor máximo global;

E. 3.2.6.

Mostre que se f tem um mínimo local em x=a e é diferenciável neste ponto, então f(a)=0.

Resposta.

Dica: consulte a demonstração do Teorema 3.2.2.


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