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Nesta seção, vamos discutir de forma bastante introdutória o caso de EDOs lineares de ordem 2 com coeficientes não constantes, i.e. EDOs da forma
(5.1) |
sendo e .
A teoria fundamental para tais equações é análoga a de equações com coeficientes constantes. Mais precisamente, a solução geral pode ser escrita na forma
(5.2) |
onde e formam um conjunto de soluções fundamentais () para a equação homogênea associada e é uma solução particular da equação não homogênea. Cabe observar que a existência e unicidade de solução (para um PVI com equação homogênea) é garantida quando os coeficientes , e são funções contínuas no domínio de interesse.
A seguir, vamos explorar dois casos. O primeiro, é a equação de Euler2222endnote: 22Leonhard Euler, 1707-1783, matemático suíço. Fonte: Wikipedia., a qual admite soluções da forma e pode ser tratada usando as mesmas abordagem utilizadas no caso das equações com coeficientes constantes. O segundo caso, são de equações que admitem soluções em série de potências.
Um caso fundamental de uma EDO linear de segunda ordem com coeficientes não constantes é a equação de Euler
(5.3) |
onde são constantes e .
Assumindo uma solução da forma
(5.4) |
e substituindo na EDO, obtemos
(5.5) |
Rearranjando os termos, temos a equação característica
(5.6) |
ou, equivalentemente,
(5.7) |
Suas raízes são
(5.8) |
No caso de , temos que as raízes e da equação característica são reais e distintas (). Assim, e são soluções da equação de Euler e o wronskiano
(5.11) | ||||
(5.14) | ||||
(5.15) |
Ou seja, formam um conjunto fundamental de soluções para a equação de Euler, logo sua solução geral é
(5.17) |
Vamos encontrar a solução geral de
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Supondo uma solução da forma , obtemos a equação característica associada
(5.19) |
Suas raízes são e . Logo, concluímos que a solução geral é
(5.20) |
No caso de , a equação característica tem raiz dupla
(5.21) |
Isto nos fornece a solução particular
(5.22) |
Para obtermos uma outra solução, usamos o método da redução de ordem. I.e., buscamos por uma solução da forma
(5.23) |
Substituindo na equação de Euler, obtemos
(5.24) | ||||
(5.25) | ||||
(5.26) | ||||
(5.27) | ||||
(5.28) | ||||
(5.29) | ||||
(5.30) | ||||
(5.31) | ||||
(5.32) |
Desta equação, obtemos
(5.33) | ||||
(5.34) | ||||
(5.35) | ||||
(5.36) |
Ou seja, podemos escolher . Conferindo o wronskiano, temos
(5.39) | ||||
(5.40) |
Concluímos que, no caso de raiz dupla , a solução geral da equação de Euler é
(5.41) |
Vamos obter a solução geral de
(5.42) |
A equação característica associada é
(5.43) |
a qual tem raiz dupla . Logo, a solução geral desta equação de Euler é
(5.44) |
No caso de , a equação característica associada a equação de Euler tem raízes complexas
(5.45) |
onde
(5.46) |
Da fórmula de Euler, temos
(5.47) | ||||
(5.48) | ||||
(5.49) | ||||
(5.50) |
Agora, da linearidade da equação de Euler, vemos que e são soluções particulares. Mais ainda, o wronskiano
(5.53) | ||||
(5.54) | ||||
(5.55) |
Concluímos que, no caso de raiz dupla, a solução geral é
(5.56) |
Vamos obter a solução geral de
(5.57) |
A equação característica associada é
(5.58) |
a qual tem raízes imaginárias . Logo, a solução geral desta equação de Euler é
(5.59) |
Em muitos casos, a solução geral de tais EDOs pode ser escrita como uma série de potências, i.e.
(5.60) |
O ponto é arbitrário e deve pertencer ao domínio de interesse. A ideia básica é, então, substituir a representação em série de potência de na EDO de forma a calcular seus coeficientes.
Vamos usar o método de série de potências para resolver
(5.61) |
chamada equação de Airy2626endnote: 26Sir George Biddell Airy, 1801 - 1892, matemático inglês. Fonte: Wikipedia..
Vamos assumir que
(5.62) |
Segue que
(5.63) | ||||
(5.64) |
e
(5.65) | ||||
(5.66) |
Substituindo na equação de Airy, obtemos
(5.67) | ||||
(5.68) | ||||
(5.69) | ||||
(5.70) | ||||
(5.71) |
Como esta última equação deve valer para todo , segue que
(5.72) | |||
(5.73) |
Observamos que não há condições impostas para e , ou seja, são constantes indeterminadas. Das relações acima, obtemos:
:
(5.74) | ||||
(5.75) | ||||
(5.76) | ||||
(5.77) | ||||
(5.78) |
:
(5.79) | ||||
(5.80) | ||||
(5.81) | ||||
(5.82) | ||||
(5.83) |
:
(5.84) | ||||
(5.85) | ||||
(5.86) | ||||
(5.87) | ||||
(5.88) |
Do que calculamos, podemos concluir que
(5.89) | ||||
(5.90) |
Há uma série de questões importantes que fogem dos objetivos destas notas de aula. Por exemplo, observamos que nem sempre é possível escrever a solução de uma EDO como uma série de potências. Também deve-se fazer um tratamento especial quando . Para maiores informações, pode-se consultar [Boyce2017].
Resolva
(5.91) | |||
(5.92) |
Trata-se de um PVI envolvendo a equação de Euler. Primeiramente, buscamos a solução geral desta equação. Para tanto, resolvemos a equação característica associada
(5.93) |
As raízes desta equação são
(5.94) |
Logo, a solução geral da EDO é
(5.95) |
Agora, das condições iniciais, obtemos
(5.96) | |||
(5.97) |
Resolvendo, obtemos e . Concluímos que a solução do PVI é
(5.98) |
Considere o seguinte PVI
(5.99) | |||
(5.100) |
Calcule os quatro primeiros termos da representação da solução em série de potências em torno de .
Consideramos que a solução possa ser escrita como uma série de potências da forma
(5.101) |
Ainda, lembramos que
(5.102) |
Assim sendo, substituímos na EDO para encontrarmos
(5.103) | ||||
(5.104) | ||||
(5.105) | ||||
(5.106) | ||||
(5.107) | ||||
(5.108) | ||||
(5.109) |
Daí, considerando como constantes indeterminadas e , temos
(5.111) |
Obtivemos a seguinte aproximação da solução geral
(5.112) |
Aplicando as condições iniciais, temos
(5.113) | ||||
(5.114) |
Assim, temos calculado a seguinte aproximação da solução
(5.115) |
Em construção …
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