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3.5 Concavidade e o Teste da segunda derivada

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O gráfico de uma função diferenciável f é

  1. a)

    côncavo para cima em um intervalo aberto I, se f é crescente em I;

  2. b)

    côncavo para baixo em um intervalo aberto I, se f é decrescente em I.

Assumindo que f é duas vezes diferenciável, temos que a monotonicidade de f está relacionada ao sinal de f′′ (a segunda derivada de f). Logo, o gráfico de f é

  1. a)

    côncavo para cima em um intervalo aberto I, se f′′>0 em I;

  2. b)

    côncavo para baixo em um intervalo aberto I, se f′′<0 em I.

Exemplo 3.5.1.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    o gráfico de f(x)=x2 é uma parábola côncava para cima em toda parte. De fato, temos

    f(x)=2x, (3.86)

    uma função crescente em toda parte. Também, temos

    f′′(x)=2>0, (3.87)

    em toda parte.

  2. b)

    o gráfico de g(x)=x2 é uma parábola côncava para baixo em toda parte. De fato, temos

    g(x)=2x, (3.88)

    uma função decrescente em toda parte. Também, temos

    g′′(x)=2<0, (3.89)

    em toda parte.

  3. c)

    o gráfico da função h(x)=x3 é côncavo para baixo em (,0) e côncavo para cima em (0,). De fato, temos

    h(x)=x2, (3.90)

    que é uma função decrescente em (,0] e crescente em [0,). Também, temos

    h′′(x)=2x (3.91)

    que assume valores negativos em (,0) e valores positivos em (0,).

Um ponto em que o gráfico de uma função f muda de concavidade é chamado de ponto de inflexão. Em tais pontos temos

f′′=0ouf′′. (3.92)
Exemplo 3.5.2.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    O gráfico da função f(x)=x3 tem x=0 como único ponto de inflexão. De fato, temos

    f(x)=3x2 (3.93)

    que é diferenciável em toda parte com

    f′′(x)=6x. (3.94)

    Logo, os pontos de inflexão ocorrem quando

    f′′(x)=0 6x=0 (3.95)
    x=0. (3.96)
  2. b)

    O gráfico da função g(x)=x3 tem x=0 como único ponto de inflexão. De fato, temos

    g(x)=13x23,x0. (3.97)

    Segue que

    g′′(x)=29x53,x0, (3.98)

    donde g′′>0 em (,0)e g′′<0 em (0,). Isto é, o gráfico de g muda de concavidade em x=0, g′′(0), sendo g côncava para cima em (,0) e côncava para baixo em (0,).

3.5.1 Teste da segunda derivada

Seja x=x0 um ponto crítico de uma dada função f duas vezes diferenciável e f′′ contínua em um intervalo aberto contendo x=x0. Temos

  1. a)

    se f(x0)=0 e f′′(x0)>0, então x=x0 é um ponto de mínimo local de f;

  2. b)

    se f(x0)=0 e f′′(x0)<0, então x=x0 é um ponto de máximo local de f.

Exemplo 3.5.3.

A função f(x)=2x39x2+12x2 tem pontos críticos

f(x)=6x218x+12=0 x23x+2=0 (3.99)
x=3±12 (3.100)
x1=1,x2=2. (3.101)

A segunda derivada de f é

f′′(x)=12x18. (3.102)

Logo, como f′′(x1)=f′′(1)=6<0, temos que x1=1 é ponto de máximo local de f. E, como f′′(x2)=f′′(2)=6>0, temos que x2=2 é ponto de mínimo local de f.

Observação 3.5.1.

Se f(x0)=0 e f′′(x0)=0, então x=x0 pode ser ponto extremo local de f ou não. Ou seja, o teste é inconclusivo.

Exemplo 3.5.4.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    A função f(x)=x3 tem ponto crítico

    f(x)=0 3x2=0 (3.103)
    x=0. (3.104)

    Neste ponto, temos

    f′′(x)=6xf′′(0)=0. (3.105)

    Neste caso, x=0 não é ponto de extremo local e temos f(0)=0 e f′′(0)=0.

  2. b)

    A função f(x)=x4 tem um ponto crítico

    f(x)=0 4x3=0 (3.106)
    x=0. (3.107)

    Neste ponto, temos

    f′′(x)=12x2f′′(0)=0. (3.108)

    Neste caso, x=0 é ponto de mínimo local e temos f(0)=0 e f′′(0)=0.

3.5.2 Exercícios resolvidos

ER 3.5.1.

Encontre o valor máximo global de f(x)=(x1)ex.

Solução.

Como f é diferenciável em toda parte, temos que seu valor máximo (se existir) ocorre em ponto crítico tal que

f(x)=0 (2x)ex=0 (3.109)
2x=0 (3.110)
x=2. (3.111)

Agora, usando o teste da segunda derivada, temos

f′′(x)=(x3)exf′′(2)=e2<0. (3.112)

Logo, x=2 é ponto de máximo local. O favor da função neste ponto é f(2)=e2. Ainda, temos

limx(x1)ex=, (3.113)
limx(x1)ex=0. (3.114)

Por tudo isso, concluímos que o valor máximo global de f é f(2)=e2.

Podemos usar os seguintes comandos do SymPy3333endnote: 33Veja a Observação 3.0.1. para resolvermos este exercício:

>>> f = (x-1)*exp(-x)
>>> fl = diff(f,x)
>>> f = Lambda(x, (x-1)*exp(-x))
>>> fl = Lambda(x, diff(f(x),x))
>>> solve(fl(x))
[2]
>>> fll = Lambda(x, diff(f(x),x,2))
>>> fll(2)
  -2
-e
>>> f(2), fl(2), fll(2)
 -2       -2
e  , 0, -e
>>> limit(f(x),x,oo)
0
>>> limit(f(x),x,-oo)
-oo
ER 3.5.2.

Determine e classifique os extremos da função

f(x)=x44x3+4x2 (3.115)

restrita ao intervalo de [1,3].

Solução.

Como f é diferenciável em (1,3), temos que seus extremos locais ocorrem nos seguintes pontos críticos

f(x)=0 4x312x2+8x=0 (3.116)
4x(x23x+2)=0 (3.117)
x1=0,x2=1,x3=2. (3.118)

Calculando a segunda derivada de f, temos

f′′(x)=12x224x+8. (3.119)

Do teste da segunda derivada, temos

f′′(x1)=f′′(0)=8>0x1=0pto. mín. local (3.120)
f′′(x2)=f′′(1)=4<0x2=1pto. máx. local (3.121)
f′′(x3)=f′′(2)=8>0x3=2pto. mín. local (3.122)

Agora, vejamos os valores de f em cada ponto de interesse.

x 1 0 1 2 3
f(x) 9 0 1 0 9

Então, podemos concluir que x=1 e x=3 são pontos de máximo global (o valor máximo global é f(1)=f(3)=9), x=1 é ponto de máximo local, x=0 e x=2 são pontos de mínimo global (o valor mínimo global é f(0)=f(2)=0).

Podemos usar os seguintes comandos do SymPy3434endnote: 34Veja a Observação 3.0.1. para resolvermos este exercício:

>>> f = Lambda(x, x**4 - 4*x**3 + 4*x**2)
>>> fl = Lambda(x, diff(f(x),x))
>>> solve(fl(x))
[0, 1, 2]
>>> fll = Lambda(x, diff(fl(x),x))
>>> fll(0), fll(1), fll(2)
(8, -4, 8)
>>> f(-1), f(0), f(1), f(2), f(3)
(9, 0, 1, 0, 9)

3.5.3 Exercícios

E. 3.5.1.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x22x.

Resposta.

x=1 ponto de mínimo global

E. 3.5.2.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x33x.

Resposta.

x1=1 ponto de máximo local; x2=1 ponto de mínimo local;

E. 3.5.3.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x2/3(x1).

Resposta.

x1=0 ponto de máximo local; x2=2/5 ponto de mínimo local;

E. 3.5.4.

Seja f(x)=x4. Mostre que x=0 é ponto de máximo local de f e que f(0)=f′′(0)=0.

Resposta.

f(x)=4x3, f(0)=0. Pelo teste da 1. derivada, temos que x=0 é ponto de máximo local. f′′(x)=12x2, f′′(0)=0.


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