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O teorema do valor médio é uma aplicação do teorema de Rolle.
O Teorema de Rolle fornece uma condição suficiente para que uma dada função diferenciável tenha derivada nula em pelo menos um ponto.
 
Seja uma função contínua no intervalo fechado e diferenciável no intervalo aberto . Se
| (4.81) | 
então existe pelo menos um ponto crítico tal que
| (4.82) | 
A ideia da demonstração é uma consequência dos teoremas 4.2.1 e 4.2.2. O primeiro, que existem pontos de mínimo e máximos globais , i.e.
| (4.83) | 
Se , então é uma função contínua, donde segue que para todo . Agora, se , então ou é um extremo local. Sem perda de generalidade, supomos que seja o mínimo local. Neste caso, o teorema 4.2.2 nos garante que . ∎
O polinômio tem pelo menos um ponto crítico no intervalo e no intervalo . De fato,temos e, pelo teorema de Rolle, segue que existe pelo menos um ponto tal que . Analogamente, como também , segue do teorema que existe pelo menos um ponto crítico no intervalo . Na Figura 4.9 temos o gráfico de .
 
De fato, como todo polinômio é derivável em toda parte, podemos calcular os pontos críticos como segue.
| (4.84) | |||
| (4.85) | |||
| (4.86) | |||
| (4.87) | |||
| (4.88) | 
Vejamos os seguintes casos em que o Teorema de Rolle não se aplica:
A função
| (4.89) | 
é tal que , entretanto sua derivada no intervalo . Ou seja, a condição da ser contínua no intervalo fechado associado é necessária no teorema de Rolle. Veja a Figura 4.10 para o esboço do gráfico desta função.
 
Não existe ponto tal que a derivada da seja nula. Entretanto, notemos que e contínua no intervalo fechado . O teorema de Rolle não se aplica neste caso, pois não é derivável no intervalo , mais especificamente, no ponto . Veja a Figura 4.11.
 
O teorema do valor médio1717endnote: 17O teorema do valor médio também é conhecido como teorema de Lagrange é uma generalização do teorema de Rolle.
 
Seja uma função contínua no intervalo fechado e diferenciável no intervalo aberto . Então, existe pelo menos um ponto tal que
| (4.90) | 
O resultado segue da aplicação do Teorema de Rolle LABEL:teo:rolle a seguinte função
| (4.91) | 
De fato, é contínua em , diferenciável em e . Logo, existe tal que
| (4.92) | |||
| (4.93) | |||
| (4.94) | 
∎
Em um contexto de aplicação, o Teorema do valor médio relaciona a taxa de variação média da função em um intervalo com a taxa de variação instantânea da função em um ponto interior deste intervalo.
A função é contínua no intervalo e diferenciável no intervalo . Logo, segue do teorema do valor médio que existe pelo menos um ponto tal que
| (4.95) | 
De fato, e, portanto, tomando , temos .
Se para todos os pontos em um intervalo , então é constante neste intervalo.
De fato, sejam e, sem perda de generalidade, . Então, temos é contínua no intervalo e diferenciável em . Segue do teorema do valor médio que existe tal que
| (4.96) | 
Como , temos . Ou seja, a função vale sempre o mesmo valor para quaisquer dois pontos no intervalo , logo é constante neste intervalo. ∎
Se para todos os pontos em um intervalo aberto , então , constante, para todo .
Segue, imediatamente, da aplicação do corolário anterior à função . ∎
Suponha que seja contínua em e derivável em .
Se para todo , então é crescente1818endnote: 18 é função crescente em um intervalo , quando em implica . em .
Se para todo , então é decrescente1919endnote: 19 é função decrescente em um intervalo , quando em implica . em .
Vamos demonstrar o item a), i.e. se para todo , então é crescente em . Sejam com . Observamos que é contínua em e diferenciável em . Logo, pelo Teorema do valor médio 4.3.2, temos que existe tal que
| (4.97) | 
ou, equivalentemente,
| (4.98) | 
Como para todo e , concluímos que , i.e.
| (4.99) | 
Com isso, mostramos que se com , então , i.e. é crescente em .
A demonstração do item b) é análoga, consulte o Exercício 4.3.6. ∎
Vamos estudar a monotonicidade da função polinomial . Na Figura 4.13, temos o esboço de seu gráfico.
 
Podemos usar o Corolário 4.3.3 para estudarmos a monotonicidade (i.e. intervalos de crescimento ou decrescimento). Isto é, fazemos o estudo de sinal da derivada de . Calculamos
| (4.100) | 
Logo, temos
![[Uncaptioned image]](cap_apderiv/dados/fig_ex_monoderiv_poli/fig.png) 
Ou seja, no conjunto e no conjunto . Concluímos que é crescente nos intervalos e , enquanto que é decrescente no intervalo .
A função exponencial é crescente em toda parte. De fato, temos
| (4.101) | 
para todo .
Um carro percorreu 150 km em 1h30min. Mostre que em algum momento o carro estava a uma velocidade maior que 80 km/h.
Seja a função distância percorrida pelo carro e o tempo, em horas, contado do início do percurso. Do teorema do valor médio, exite tempo tal que
| (4.102) | 
Ou seja, em algum momento o carro atingiu a velocidade de 100 km/h.
Estude a monotonicidade da função gaussiana .
Para estudarmos a monotonicidade de uma função, podemos fazer o estudo de sinal de sua derivada. Neste caso, temos
| (4.103) | 
Assim, vemos que
![[Uncaptioned image]](cap_apderiv/dados/fig_exeresol_gauss_estsinal/fig.png) 
Concluímos que é crescente no intervalo e decrescente no intervalo .
Estude a monotonicidade de .
Decrescente: ; Crescente:
Estude a monotonicidade de .
Decrescente: ; Crescente: ;
Estude a monotonicidade de .
Crescente:
Estude a monotonicidade de .
Crescente: ; Decrescente de
Demonstre que um polinômio cúbico pode ter no máximo raízes reais.
Dica: use o teorema de Rolle.
Seja contínua em e derivável em . Mostre que se para todo , então é decrescente em .
Dica: consulte a demonstração do item a) do Corolário 4.3.3.
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