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Cálculo I

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4.2 Extremos de funções

Seja f uma função com domínio D. Dizemos que f tem o valor máximo global1515endnote: 15O valor máximo global também é chamado de valor máximo absoluto. f(a) no ponto x=a quando

f(x)f(a), (4.71)

para todo xD. Analogamente, dizemos que f tem o valor mínimo global1616endnote: 16O valor mínimo global também é chamado de valor mínimo absoluto. f(b) no ponto x=b quando

f(x)f(b), (4.72)

para todo xD. Em tais pontos, dizemos que a função têm seus valores extremos globais (ou extremos absolutos).

Exemplo 4.2.1.(Extremos de funções protótipos)

Na sequencia das notas, vamos entender que as funções y=x2 e y=x3 são protótipos importantes no estudo dos extremos de funções. A função f(x)=x2 tem valor mínimo global no ponto x=0 e não assume valor máximo global. A função g(x)=x2 tem valor máximo global no ponto x=0 e não assume valor mínimo global. A função h(x)=x3 não assume valores mínimo e máximo globais. Consultemos a Figura 4.1.

Refer to caption
Refer to caption
Refer to caption
Figura 4.1: Funções protótipos no estudo de extremos de funções.

O teorema a seguir garante a existência de valores extremos globais para funções contínuas em intervalos fechados.

Teorema 4.2.1.(Teorema do valor extremo)

Se f é uma função contínua em um intervalo fechado [a,b], então f assume tanto um valor máximo como um valor mínimo global em [a,b].

Demonstração.

A demonstração foge dos objetivos deste texto. Caso tenha interesse, consulte [2]. ∎

Exemplo 4.2.2.

Estudemos os seguintes casos.

  1. a)

    f(x)=(x1)2+1 definida em [0,32].

    A função f(x)=(x1)2+1 é contínua no intervalo fechado [0,32] (consultemos seu gráfico na Figura 4.2). Ela assume valor mínimo global 1 no ponto x=1. Ainda, assume valor máximo global igual a 2 no ponto x=0.

    Refer to caption
    Figura 4.2: Gráfico de f(x)=(x1)2+1 no intervalo [0,32].
  2. b)

    g(x)=lnx definida em (0,e].

    A função g(x)=lnx é contínua no intervalo (0,e] (consultemos seu gráfico na Figura 4.3). Neste intervalo, assume valor máximo global no ponto x=e, mas não assume valor mínimo global.

    Refer to caption
    Figura 4.3: Gráfico de g(x)=lnx no intervalo (0,e].
  3. c)

    h(x)={x,0x<1,0,x=1. definida em [0,1].

    A função h definida no intervalo [0,1] é descontínua no ponto x=1 (consultemos seu gráfico na Figura 4.4). Neste intervalo, assume valor mínimo global no ponto x=0, mas não assume valor máximo global.

    Refer to caption
    Figura 4.4: Gráfico de h(x) no intervalo [0,1].

Uma função f tem um valor máximo local em um ponto interior x=a de seu domínio, se f(x)<f(a) para todo x em um intervalo aberto em torno de a, excluindo-se x=a. Analogamente, f tem um valor mínimo local em um ponto interior x=b de seu domínio, se f(x)>f(b) para todo x em um intervalo aberto em torno de b, excluindo-se x=b. Em tais pontos, dizemos que a função têm valores extremos locais (ou relativos). Um tal ponto é chamado de ponto de máximo local ou de mínimo local, conforme o caso.

Exemplo 4.2.3.

Consideremos a função

f(x)={(x+1)22,2x<12,|x|,12x<1,(x2)3+2,1x<3. (4.73)
Refer to caption
Figura 4.5: Gráfico de y=f(x) estudada no Exemplo 4.2.3.

Na Figura 4.5 temos o gráfico da função f. Por inferência, temos que f tem valores máximos locais nos pontos x=1 e x=1/2. No ponto x=0 tem um valor mínimo local. Observamos que x=2, x=2 e x=3 não são pontos de extremos locais desta função. No ponto x=2, f tem seu valor mínimo global. Ainda, f não tem valor máximo global.

Teorema 4.2.2.(Derivada em pontos extremos locais)

Se f possui um valor extremo local em um ponto x=a e f é diferenciável neste ponto, então

f(a)=0. (4.74)
Demonstração.

Vamos considerar o caso em que f possui um máximo local em x=a. Então, segue que

f(a)=limh0+f(x+h)f(x)h0 (4.75)
f(a)=limh0f(x+h)f(x)h0 (4.76)

Logo, f(a)=0. Para o caso em que f possui um mínimo local em x=a, consulte o E.4.2.6. ∎

Deste teorema, podemos concluir que uma função f pode ter valores extremos em:

  1. a)

    pontos interiores de seu domínio onde f=0,

  2. b)

    pontos interiores de seu domínio onde f não existe, ou

  3. c)

    pontos extremos de seu domínio.

Um ponto interior do domínio de uma função f onde f=0 ou f não existe, é chamado de ponto crítico da função.

Observação 4.2.1.(Pontos críticos ou extremos)

Uma função tem valores extremos em pontos críticos ou nos extremos de seu domínio.

Exemplo 4.2.4.

Seja a função f estudada no Exemplo 4.2.3. No ponto x=1, f(1)=0 e f tem valor máximo local neste ponto. Entretanto, no ponto x=2, também temos f(2)=0, mas f não tem valor extremo neste ponto.

No ponto x=0, f(0) não existe e f tem valor mínimo local neste ponto. No ponto, x=1/2, f(1/2) não existe e f tem valor máximo local neste ponto.

Nos extremos do domínio, temos que f tem valor mínimo global no ponto x=2, mas não tem extremo global no ponto x=3.

4.2.1 Exercícios resolvidos

ER 4.2.1.

Determine os pontos extremos da função f(x)=(x+1)21 no intervalo [2,1].

Resolução.

Os valores extremos de um função podem ocorrer, somente, em seus pontos críticos ou nos extremos de seu domínio. Como f(x)=(x+1)21 é diferenciável no intervalo (2,1), seus pontos críticos são pontos tais que f=0. Para identificá-los, calculamos

f(x)=0 (4.77)
2(x+1)=0 (4.78)
x=1. (4.79)
Refer to caption
Figura 4.6: Gráfico da função f(x)=(x+1)21 discutida no ER.4.2.1.

Desta forma, f pode ter valores extremos nos ponto x=2, x=1 e x=1. Analisamos, então, o esboço do gráfico da função (Figura 4.6) e a seguinte tabela:

x -2 -1 1
f(x) 0 -1 3

Daí, podemos concluir que f tem o valor mínimo global (e local) de f(1)=1 no ponto x=1 e tem valor máximo global de f(1)=3 no ponto x=1.

Código 37: Python
1from sympy import Symbol, lambdify, diff, solve
2x = Symbol('x')
3f = lambdify(x, (x+1)**2-1)
4# f' == 0
5xc = solve(diff(f(x),x), x)
6print(f"Pto. crítico xc = {xc}")
7print(f"f(-2) = {f(-2)}")
8print(f"f({xc[0]}) = {f(xc[0])}")
9print(f"f(1) = {f(1)}")
Pto. crítico xc = [-1]
f(-2) = 0
f(-1) = -1
f(1) = 3
ER 4.2.2.

Determine os pontos extremos da função f(x)=x3 no intervalo [1,1].

Resolução.
Refer to caption
Figura 4.7: Gráfico da função f(x)=x3 discutida no Exercício Resolvido 4.2.2.

Como f é diferenciável no intervalo (1,1), temos que seus pontos críticos são tais que f(x)=0. Neste caso, temos

3x2=0x=0 (4.80)

é o único ponto crítico de f. Entretanto, analisando o gráfico desta função (Figura 4.7) vemos que f não tem valor extremo local neste ponto. Assim, seus pontos extremos só podem ocorrer nos extremos do domínio [1,1]. Concluímos que f(1)=1 é o valor mínimo global de f e f(1)=1 é seu valor máximo global.

4.2.2 Exercícios

E. 4.2.1.

Considere que uma dada função f tenha o seguinte esboço de gráfico:

[Uncaptioned image]

Determine e classifique os pontos extremos desta função.

x=1 ponto de mínimo global; x=1 ponto de máximo local; x=2 ponto de mínimo local; x=52 ponto de máximo global.

E. 4.2.2.

Dada a função f(x)=x22x+3 restrita ao intervalo [1,2], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

a) x=1; b) x=1 ponto de máximo global; x=1 ponto de mínimo local e global; c) f(1)=6 valor máximo global; f(1)=2 valor mínimo local e global;

E. 4.2.3.

Dada a função f(x)=x2+2x+1 restrita ao intervalo [0,3], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

a) x=1; b) x=1 ponto de máximo local e global; x=3 ponto de mínimo global; c) f(1)=2 valor máximo local e global; f(3)=2 valor mínimo global;

E. 4.2.4.

Dada a função f(x)=x33x2+3x restrita ao intervalo [0,), determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

a) x=1; b) x=0 ponto de mínimo global;c) f(0)=0 valor mínimo global;

E. 4.2.5.

Dada a função f(x)=x1/3 restrita ao intervalo [1,1], determine:

  1. a)

    seu(s) ponto(s) crítico(s).

  2. b)

    seu(s) ponto(s) extremo(s) e o(s) classifique.

  3. c)

    seu(s) valor(es) extremo(s) e o(s) classifique.

a) x=0; b) x=1 ponto de mínimo global; x=1 ponto de máximo global; c) f(1)=1 valor mínimo global; f(1)=1 valor máximo global;

E. 4.2.6.

Mostre que se f tem um mínimo local em x=a e é diferenciável neste ponto, então f(a)=0.

Dica: consulte a demonstração do Teorema 4.2.2.


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Pedro H A Konzen
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