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Cálculo I

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4.5 Concavidade e o teste da segunda derivada

O gráfico de uma função diferenciável f é

  1. a)

    côncavo para cima em um intervalo aberto I, se f é crescente em I;

  2. b)

    côncavo para baixo em um intervalo aberto I, se f é decrescente em I.

Assumindo que f é duas vezes diferenciável, temos que a monotonicidade de f está relacionada ao sinal de f′′ (a segunda derivada de f). Logo, o gráfico de f é

  1. a)

    côncavo para cima em um intervalo aberto I, se f′′>0 em I;

  2. b)

    côncavo para baixo em um intervalo aberto I, se f′′<0 em I.

Exemplo 4.5.1.

Estudemos os seguintes casos:

  1. a)

    o gráfico de f(x)=x2 é uma parábola côncava para cima em toda parte (Figura 4.16).

    Refer to caption
    Figura 4.16: Gráfico de f(x)=x2 e suas derivadas de ordem 1 e 2.

    De fato, temos

    f(x)=2x, (4.132)

    uma função crescente em toda parte. Também, temos

    f′′(x)=2>0, (4.133)

    em toda parte.

  2. b)

    o gráfico de g(x)=x2 é uma parábola côncava para baixo em toda parte. De fato, temos

    g(x)=2x, (4.134)

    uma função decrescente em toda parte. Também, temos

    g′′(x)=2<0, (4.135)

    em toda parte. Faça os gráficos de g, g e g′′ para melhor entender as relações entre a função e suas derivadas neste caso.

  3. c)

    o gráfico da função h(x)=x3 é côncavo para baixo em (,0) e côncavo para cima em (0,). Consultemos a Figura 4.17.

    Refer to caption
    Figura 4.17: Gráfico de h(x)=x3 e suas derivadas de ordem 1 e 2.

    De fato, temos

    h(x)=x2, (4.136)

    que é uma função decrescente em (,0] e crescente em [0,). Também, temos

    h′′(x)=2x (4.137)

    que assume valores negativos em (,0) e valores positivos em (0,).

Um ponto em que o gráfico de uma função f muda de concavidade é chamado de ponto de inflexão. Em tais pontos temos

f′′=0ouf′′. (4.138)
Exemplo 4.5.2.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    O gráfico da função f(x)=x3 tem x=0 como único ponto de inflexão (consultemos a Figura 4.17). De fato, temos

    f(x)=3x2 (4.139)

    que é diferenciável em toda parte com

    f′′(x)=6x. (4.140)

    Logo, os pontos de inflexão ocorrem quando

    f′′(x)=0 (4.141)
    6x=0 (4.142)
    x=0. (4.143)
  2. b)

    O gráfico da função g(x)=x3 tem x=0 como único ponto de inflexão (consultemos a Figura 4.18).

    Refer to caption
    Figura 4.18: Gráfico de g(x)=x3 e sua segunda derivada.

    De fato, temos

    g(x)=13x23, (4.144)

    para x0. Segue que

    g′′(x)=29x53, (4.145)

    para x0, donde g′′>0 em (,0)e g′′<0 em (0,). Isto é, o gráfico de g muda de concavidade em x=0, g′′(0), sendo g côncava para cima em (,0) e côncava para baixo em (0,).

4.5.1 Teste da segunda derivada

Seja x=x0 um ponto crítico de uma dada função f duas vezes diferenciável e f′′ contínua em um intervalo aberto contendo x=x0. Temos

  1. a)

    se f(x0)=0 e f′′(x0)>0, então x=x0 é um ponto de mínimo local de f (Figura 4.19 a));

  2. b)

    se f(x0)=0 e f′′(x0)<0, então x=x0 é um ponto de máximo local de f (Figura 4.19 b)).

Refer to caption
Refer to caption
Figura 4.19: Teste da segunda derivada: a) ponto de mínimo local; b) ponto de máximo local.
Exemplo 4.5.3.

A função f(x)=2x39x2+12x2 tem pontos críticos

f(x)=6x218x+12=0 (4.146)
x23x+2=0 (4.147)
x=3±12 (4.148)
x1=1 ou x2=2. (4.149)

A segunda derivada de f é

f′′(x)=12x18. (4.150)

Logo, como f′′(x1)=f′′(1)=6<0, temos que x1=1 é ponto de máximo local de f. E, como f′′(x2)=f′′(2)=6>0, temos que x2=2 é ponto de mínimo local de f. Verifiquemos no gráfico de f (Figura 4.20).

Refer to caption
Figura 4.20: Gráfico de f(x)=2x39x2+12x2.
Observação 4.5.1.

Se f(x0)=0 e f′′(x0)=0, então x=x0 pode ser ponto extremo local de f ou não. Ou seja, o teste é inconclusivo.

Exemplo 4.5.4.

Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    A função f(x)=x3 tem ponto crítico

    f(x)=0 (4.151)
    3x2=0 (4.152)
    x=0. (4.153)

    Neste ponto, temos

    f′′(x)=6x (4.154)
    f′′(0)=0. (4.155)

    Neste caso, x=0 não é ponto de extremo local e temos f(0)=0 e f′′(0)=0. Faça o gráfico de f(x)=x3 e verifique!

  2. b)

    A função f(x)=x4 tem um ponto crítico

    f(x)=0 (4.156)
    4x3=0 (4.157)
    x=0. (4.158)

    Neste ponto, temos

    f′′(x)=12x2 (4.159)
    f′′(0)=0. (4.160)

    Neste caso, x=0 é ponto de mínimo local e temos f(0)=0 e f′′(0)=0. Faça o gráfico de f(x)=x4 e verifique!

4.5.2 Exercícios resolvidos

ER 4.5.1.

Encontre o valor máximo global de f(x)=(x1)ex.

Resolução.

Como f é diferenciável em toda parte, temos que seu valor máximo (se existir) ocorre em ponto crítico tal que

f(x)=0 (4.161)
(2x)ex=0 (4.162)
2x=0 (4.163)
x=2. (4.164)

Agora, usando o teste da segunda derivada, temos

f′′(x)=(x3)ex (4.165)
f′′(2)=e2<0. (4.166)

Logo, x=2 é ponto de máximo local. O favor da função neste ponto é f(2)=e2. Ainda, temos

limx(x1)ex=, (4.167)
limx(x1)ex=0. (4.168)

Por tudo isso, concluímos que o valor máximo global de f é f(2)=e2.

Código 40: Python
1from sympy import Symbol, lambdify, exp, diff, solve
2x = Symbol('x')
3f = (x-1)*exp(-x)
4fl = diff(f, x)
5xc = solve(fl, x)
6print("xc =", xc[0])
xc = 2
1fll = diff(fl, x)
2print("f''(xc) =", fll.subs(x, xc[0]))
f''(xc) = -exp(-2)
1from sympy import limit, oo
2print("lim_x->oo f(x) =", limit(f, x, oo))
3print("lim_x->-oo f(x) =", limit(f, x, -oo))
lim_x->oo f(x) = 0
lim_x->-oo f(x) = -oo
ER 4.5.2.

Determine e classifique os extremos da função

f(x)=x44x3+4x2 (4.169)

restrita ao intervalo de [1,3].

Resolução.

Como f é diferenciável em (1,3), temos que seus extremos locais ocorrem nos seguintes pontos críticos

f(x)=0 (4.170)
4x312x2+8x=0 (4.171)
4x(x23x+2)=0 (4.172)

logo os pontos críticos são x1=0, x2=1 e x3=2. Calculando a segunda derivada de f, temos

f′′(x)=12x224x+8. (4.173)

Do teste da segunda derivada, temos

f′′(x1)=f′′(0)=8>0 (4.174)

donde temos que x1=0 é ponto de mínimo local. Similarmente, temos

f′′(x2)=f′′(1)=4<0, (4.175)
f′′(x3)=f′′(2)=8>0, (4.176)

done x2=1 é ponto de máximo local e x3=2 é ponto de mínimo local. Agora, vejamos os valores de f em cada ponto de interesse.

x 1 0 1 2 3
f(x) 9 0 1 0 9

Então, podemos concluir que x=1 e x=3 são pontos de máximo global (o valor máximo global é f(1)=f(3)=9), x=1 é ponto de máximo local, x=0 e x=2 são pontos de mínimo global (o valor mínimo global é f(0)=f(2)=0).

ER 4.5.3.

Uma cerca de 300 m será usada para cercar as laterais e a parte traseira de um terreno retangular, deixando a frente aberta (conforme figura abaixo). Quais devem ser as dimensões do terreno para que a área seja máxima?

[Uncaptioned image]
Resolução.

Conforme indicado na figura acima, consideremos um terreno retangular de comprimento l e largura w. A área do terreno é dada por

A=lw. (4.177)

Como a cerca será usada para cercar as laterais e a parte traseira do terreno, temos a restrição

2w+l=300. (4.178)

Logo, podemos escrever l em função de w como

l=3002w. (4.179)

Assim, a área do terreno pode ser escrita como função de w

A(w)=w(3002w)=300w2w2. (4.180)

Para encontrarmos o valor máximo da área, calculamos a derivada de A em relação a w

dAdw=3004w. (4.181)

O ponto crítico ocorre quando

dAdw=0 (4.182)
3004w=0 (4.183)
w=75. (4.184)

Usando o teste da segunda derivada, temos

d2Adw2=4<0, (4.185)

logo w=75 é ponto de máximo local. Os casos extremos quando l=300 ou w=150 podem ser descartados, pois implicam em A=0. Finalmente, calculamos o comprimento l

l=3002(75) (4.186)
l=150. (4.187)

Portanto, as dimensões do terreno para que a área seja máxima são: largura w=75 m e comprimento l=150 m.

4.5.3 Exercícios

E. 4.5.1.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x22x.

x=1 ponto de mínimo global

E. 4.5.2.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x33x.

x1=1 ponto de máximo local; x2=1 ponto de mínimo local;

E. 4.5.3.

Use o teste da segunda derivada para encontrar e classificar o(s) ponto(s) extremo(s) de f(x)=x2/3(x1).

x1=0 ponto de máximo local; x2=2/5 ponto de mínimo local;

E. 4.5.4.

Seja f(x)=x4. Mostre que x=0 é ponto de máximo local de f e que f(0)=f′′(0)=0.

f(x)=4x3, f(0)=0. Pelo teste da 1. derivada, temos que x=0 é ponto de máximo local. f′′(x)=12x2, f′′(0)=0.

E. 4.5.5.

Quais são as dimensões (largura w e altura h) do retângulo de maior área que pode ser construindo tendo perímetro 300m?

w=75m, h=75m

E. 4.5.6.

Uma caixa aberta é feita a partir de uma folha retangular de papelão de comprimento l=45 cm e largura w=30 cm, cortando-se quadrados iguais de lado x cm em cada canto e dobrando-se as abas formadas (consulte a figura abaixo). Encontre o valor de x que resulte a caixa de maior volume possível.

[Uncaptioned image]

x=255725.89 cm


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Pedro H A Konzen
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