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2.3 Alguns aspectos sobre equações não lineares

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O estudo de equações a diferenças não lineares é bastante amplo, podendo chegar ao estado da arte. Nesta seção, vamos abordar alguns conceitos fundamentais para a análise de equações de primeira ordem e não lineares, i.e. equações da forma

f(y(n+1),y(n);n)=0,nn00, (2.140)

onde f é uma função não linear nas incógnitas y(n+1) ou y(n).

2.3.1 Solução

A variedade de formas que uma equação a diferenças não linear pode ter é enorme e não existem formas fechadas para a solução da grande maioria delas. No entanto, sempre pode-se buscar calcular a solução por iteração direta, i.e.

y(n0)=valor inicial, (2.141)
f(y(n+1),y(n);n)=0,n=n0,n0+1,n0+2, (2.142)
Exemplo 2.3.1.

Vamos calcular a solução da seguinte equação a diferenças não linear

y(n+1)=y2(n),n0. (2.143)

A partir do valor inicial y(0) e por iterações diretas, temos

y(1) =y2(0), (2.144)
y(2) =[y(1)]2 (2.145)
=[y2(0)]2 (2.146)
=y22(0), (2.147)
y(3) =[y(2)]2 (2.148)
=[y22(0)]2 (2.149)
=y23(0) (2.150)
(2.151)

Disso, podemos inferir que a solução de 2.143 é

y(n)=y2n(0). (2.152)

2.3.2 Pontos de equilíbrio

Introduzimos pontos de equilíbrio na Seção 2.2 e, aqui, vamos estudá-los no contexto de equação a diferenças de primeira ordem e não lineares. Um dos primeiros aspectos a serem notados é que equação não lineares podem ter vários pontos de equilíbrio, ter somente um ou não ter.

Exemplo 2.3.2.

(Ponto de equilíbrio) Vejamos os seguintes casos:

  1. a)

    y(n+1)=y(n)2+1,n0

    Se y* é ponto de equilíbrio, então

    y*=(y*)2+1 (2.153)
    (y*)2y*+1=0, (2.154)

    a qual não admite solução real. Ou seja, a equação a diferenças deste item não tem ponto de equilíbrio.

  2. b)

    y(n+1)=y(n)2,n0

    y*=(y*)2 (2.155)
    (y*)2y*=0 (2.156)
    y*(y*1)=0, (2.157)

    Neste caso, a equação a diferenças tem dois pontos de equilíbrio, a saber, y1*=0 e y2*=1.

  3. c)

    [y(n+1)1][y(n)1]=0,n0

    (y*1)(y*1)=0 (2.158)
    (y*1)2=0 (2.159)
    y*=1 (2.160)

    Concluímos que esta equação tem y*=1 como seu único ponto de equilíbrio.

  4. d)

    y(n+1)=y(n)cos(y(n)),n0

    y*=y*cos(y*) (2.161)
    [cos(y*)1]y*=0 (2.162)
    cos(y*)=1 (2.163)

    Disso, temos que y*=2kπ, k, são pontos de equilíbrio da equação a diferenças dada.

Equações a diferenças não lineares podem ter pontos de equilíbrio eventuais. Mais especificamente, uma equação a diferenças

f(y(n+1),y(n);n)=0,nn0, (2.164)

tem y* como ponto de equilíbrio eventual quando existe n1>n0 tal que

y(n)=y*,nn1. (2.165)
Exemplo 2.3.3.

(Ponto de equilíbrio eventual) A equação a diferenças

y(n+1)=|2y(n)2|,n0, (2.166)
y(0)=1, (2.167)

tem y*=2 como ponto de equilíbrio eventual. De fato, por iterações diretas temos

y(1) =|2y(0)2| (2.168)
=|212|=0 (2.169)
y(2) =|2y(1)2| (2.170)
=|202|=2 (2.171)
y(3) =|2y(2)2| (2.172)
=|222|=2 (2.173)
(2.174)
y(n) =2,n2. (2.175)

Um ponto de equilíbrio y* de (2.164) é dito ser estável quando, para cada ϵ>0 existe δ>0 tal que

|y(0)y*|<δ|y(n)y*|<ϵ, (2.176)

para todo n>0. Em outras palavras, para todo n, a solução y(n) está arbitráriamente próxima de y* para toda escolha de valor inicial y(0)y* suficientemente próximo de y*. Quando este não é o caso, y* é dito ser ponto de equilíbrio instável.

Exemplo 2.3.4.

Vamos estudar os pontos de equilíbrio de

y(n+1)=(y2(n)1)2+1,n0. (2.177)

Vamos calcular os pontos de equilíbrio.

y*=[(y*)21]2+1 (2.178)
y*=(y*)22y*+2 (2.179)
(y*)23y*+2=0 (2.180)
y1*=1,y2*=2 (2.181)

Tomamos o ponto de equilíbrio y*=1. Seja ϵ>0 e escolhemos 0<δ<1 tal que δ<ϵ. Então, para qualquer valor inicial

y(0)=1±δ (2.182)

temos

y(1) =(y(0)1)2+1 (2.183)
=δ2+1<1+ϵ (2.184)

Exercícios resolvidos

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Exercícios

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