Equações Diferenciais Ordinárias Colabore! 
3.1  EDO de ordem 2: fundamentos 
Nesta seção, vamos nos restringir a EDOs lineares de segunda ordem, homogêneas e com coeficientes constantes , i.e. EDOs da forma
onde y = y  ( t ) a , b , c 
 
Vamos buscar por soluções da forma y  ( t ) = e r  t r 3.2 
a  ( e r  t ) ′′ + b  ( e r  t ) ′ + c  e r  t = 0 (3.3)  
⇒ a  r 2  e r  t + b  r  e r  t + c  e r  t = 0 (3.4)  
⇒ ( a  r 2 + b  r + c )  e r  t = 0 . (3.5)  
Ou seja, y  ( t ) = e r  t 3.2 
Esta é chamada de equação característica  de (3.2 
 
Exemplo 3.1.1.
 
Vamos buscar por soluções de
Buscamos por r y  ( t ) = e r  t 
( e r  t ) ′′ − 4  e r  t = 0 ⇒ ( r 2 − 4 )  e r  t = 0 (3.8)  
o que nos fornece a equação característica
As soluções desta equação são r 1 = − 2 r 2 = 2 soluções particulares  da EDO
y 1  ( t ) = e − 2  t e y 2  ( t ) = e 2  t . (3.10)  
 
Observamos, ainda, que para quaisquer constantes c 1 c 2 
y  ( t ) = c 1  e − 2  t + c 2  e 2  t (3.11)  
também é solução da EDO (3.7 
y ′′ − 4  y = ( c 1  e − 2  t + c 2  e 2  t ) ′′ − 4  ( c 1  e − 2  t + c 2  e 2  t ) (3.12)  
= 4  c 1  e − 2  t + 4  c 2  e 2  t − 4  c 1  e − 2  t − 4  c 2  e 2  t (3.13)  
= 0 . (3.14)  
 
Como veremos logo mais,
y  ( t ) = c 1  e − 2  t + c 2  e 2  t (3.15)  
é a solução geral  de (3.7 
 
 
3.1.1  Conjunto fundamental de soluções 
Sejam y 1 = y 1  ( t ) y 2 = y 2  ( t ) 
Então,
y  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) (3.17)  
também é solução de (3.16 
 
De fato, basta verificar que
a  y ′′ + b  y ′ + c  y = a  ( c 1  y 1 + c 2  y 2 ) ′′ (3.18)  
+ b  ( c 1  y 1 + c 2  y 2 ) ′ (3.19)  
+ c  ( c 1  y 1 + c 2  y 2 ) (3.20)  
= c 1  ( a  y 1 ′′ + b  y 1 ′ + c  y 1 ) (3.21)  
+ c 2  ( a  y 2 ′′ + b  y 2 ′ + c  y 2 ) (3.22)  
= 0 . (3.23)  
 
Suponhamos, ainda, que as soluções y 1 = y 1  ( t ) y 2 = y 2  ( t ) wronskiano 
W  ( y 1 , y 2 ; t ) := | y 1 y 2 y 1 ′ y 2 ′ | ≠ 0 , (3.24)  
para todo t 
 
Neste caso, sempre é possível escolher as constantes c 1 c 2 
y  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) (3.25)  
satisfaça o problema de valor inicial
a  y ′′ + b  y ′ + c  y = 0 , (3.26)  
y  ( t 0 ) = y 0 , y ′  ( t 0 ) = y 0 ′ , (3.27)  
para quaisquer dados valores y 0 y 0 ′ 
 
De fato, já sabemos que (3.25 c 1 c 2 
y  ( t 0 ) = c 1  y 1  ( t 0 ) + c 2  y 2  ( t 0 ) = y 0 (3.28)  
y ′  ( t 0 ) = c 1  y 1 ′  ( t 0 ) + c 2  y 2 ′  ( t 0 ) = y 0 ′ . (3.29)  
Do método de Cramer6 6 endnote:  6 
c 1 = | y 0 y 2  ( t 0 ) y 0 ′ y 2 ′  ( t 0 ) | | y 1  ( t 0 ) y 2  ( t 0 ) y 1 ′  ( t 0 ) y 2 ′  ( t 0 ) | (3.30)  
e
c 2 = | y 1  ( t 0 ) y 0 y 1 ′  ( t 0 ) y 0 ′ | | y 1  ( t 0 ) y 2  ( t 0 ) y 1 ′  ( t 0 ) y 2 ′  ( t 0 ) | . (3.31)  
O wronskiano não nulo  nos garante a existência de c 1 c 2 
 
Por fim, afirmamos que todas as soluções de (3.16 y 1 = y 1  ( t ) y 2 = y 2  ( t ) 
y  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) . (3.32)  
 
De fato, seja ψ = ψ  ( t ) 3.16 ψ 
a  y ′′ + b  y ′ + c  y = 0 , (3.33)  
y  ( t 0 ) = ψ  ( t 0 ) , y ′  ( t 0 ) = ψ ′  ( t 0 ) , (3.34)  
para quaisquer t 0 W  ( y 1 , y 2 ; t ) ≠ 0 c 1 c 2 
y  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) . (3.35)  
também é solução deste PVI. Da unicidade de solução7 7 endnote:  7 Embora não tenha sido apresentada aqui, a unicidade de solução pode ser demonstrada.  , segue que
ψ  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) . (3.36)  
 
Do que vimos aqui, a solução geral  de (3.16 
y  ( t ) = c 1  y 1  ( t ) + c 2  y 2  ( t ) (3.37)  
dadas quaisquer soluções y 1 = y 1  ( t ) y 2 = y 2  ( t ) W  ( y 1 , y 2 ; t ) ≠ 0 t 
 
Exemplo 3.1.2.
 
No Exemplo 3.1.1 
y 1  ( t ) = e − 2  t e y 2  ( t ) = e 2  t (3.38)  
são soluções particulares de
Como
W  ( y 1 , y 2 ; t ) = | y 1 y 2 y 1 ′ y 2 ′ | (3.40)  
= | e − 2  t e 2  t − 2  e − 2  t 2  e 2  t | (3.41)  
= 4 ≠ 0 , (3.42)  
temos que
y  ( t ) = c 1  e − 2  t + c 2  e 2  t (3.43)  
é solução geral de (3.39 
 
 
 
3.1.2  Raízes reais distintas 
Uma EDO da forma
tem solução geral 
y  ( t ) = c 1  e r 1  t + c 2  e r 2  t (3.45)  
quando sua equação característica 
tem r 1 r 2 
 
Exemplo 3.1.3.
 
Vamos resolver o seguinte PVI
y ′′ − 3  y ′ + 2  y = 0 , (3.47)  
y  ( 0 ) = 3 , y ′  ( 0 ) = 5 . (3.48)  
 
Começamos resolvendo a equação característica associada
As soluções são
r = 3 ± 9 − 8 2 (3.50)  
= 3 ± 1 2 . (3.51)  
Ou seja, r 1 = 1 r 2 = 2 
y  ( t ) = c 1  e t + c 2  e 2  t (3.52)  
é solução geral da EDO.
 
Agora, aplicando as condições iniciais, temos
y  ( 0 ) = 3 ⇒ c 1 + c 2 = 3 , (3.53)  
y ′  ( 0 ) = 5 ⇒ c 1 + 2  c 2 = 5 . (3.54)  
Resolvendo este sistema linear, obtemos c 1 = 1 c 2 = 2 
é a solução do PVI.
 
 
 
Exercícios resolvidos 
ER 3.1.1.
 
Calcule a solução geral de
 
 
Resolução.
 
A equação característica associada é
Suas soluções são
r = − 2 ± 4 − 4 ⋅ 2 ⋅ ( − 4 ) 2 (3.58)  
= − 2 ± 6 4 , (3.59)  
i.e. r 1 = − 2 r 2 = 1 
y  ( t ) = c 1  e − 2  t + c 2  e t (3.60)  
é solução geral da EDO.
 
 
ER 3.1.2.
 
Mostre que se y 1  ( t ) = e − 2  t y 2  ( t ) = e t 
 
 
Resolução.
 
Calculamos
W  ( y 1 , y 2 ; t ) = | y 1 y 2 y 1 ′ y 2 ′ | = | e − 2  t e t − 2  e − 2  t e t | (3.62)  
= e − 2  t  e t + 2  e − 2  t  e t (3.63)  
= 3  e − t . (3.64)  
Como e − t ≠ 0 t W  ( y 1 , y 2 ; t ) ≠ 0 t 
 
 
 
Exercícios 
E. 3.1.1.
 
Calcule a solução geral de
− 2  y ′′ + 2  y ′ + 4  y = 0 . (3.65)  
 
 
Resposta 
E. 3.1.2.
 
Resolva o seguinte PVI
y ′′ = 7  y ′ − 12  y , (3.66)  
y  ( 0 ) = 0 , y ′  ( 0 ) = − 1 . (3.67)  
 
 
Resposta 
E. 3.1.3.
 
Resolva o seguinte PVI
y ′′ − 3  y ′ + 2  y = 0 , (3.68)  
y  ( ln  2 ) = − 2 , y ′  ( ln  2 ) = − 6 . (3.69)  
 
 
Resposta 
E. 3.1.4.
 
Calcule o wronskiano de y 1  ( t ) = cos  ( t ) y 2  ( t ) = sen  ( t ) 
 
 
Resposta 
E. 3.1.5.
 
Mostre que se r 1 r 2 
então
y  ( t ) = c 1  e r 1  t + c 2  e r 2  t (3.71)  
é solução geral de
 
 
Resposta 
 
Mostre que y 1  ( t ) = e r 1  t y 2  ( t ) = e r 2  t W  ( y 1 , y 2 ; t ) ≠ 0 
 
 
 
 
 
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