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Capítulo 1 Introdução

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A computação paralela e distribuída é uma realidade em todas as áreas de pesquisa aplicadas. À primeira vista, pode-se esperar que as aplicações se beneficiam diretamente do ganho em poder computacional. Afinal, se a carga (processo) computacional de uma aplicação for repartida e distribuída em np>1 processadores (instâncias de processamentos, threads ou cores), a computação paralela deve ocorrer em um tempo menor do que se a aplicação fosse computada em um único processador (em serial). Entretanto, a tarefa de repartir e distribuir (alocação de tarefas) o processo computacional de uma aplicação é, em muitos casos, bastante desafiadora e pode, em vários casos, levar a códigos computacionais menos eficientes que suas versões seriais.

Repartir e distribuir o processo computacional de uma aplicação sempre é possível, mas nem sempre é possível a computação paralela de cada uma das partes. Por exemplo, vamos considerar a iteração de ponto fixo

x(n)=f(x(n1)),n1, (1.1)
x(0)=x0, (1.2)

onde f:xf(x) é uma função dada e x0 é o ponto inicial da iteração. Para computar x(100) devemos processar 100 vezes a iteração (1.1). Se tivéssemos a disposição nP=2 processadores, poderíamos repartir a carga de processamento em dois, distribuindo o processamento das 50 primeiras iterações para o primeiro processador (o processador 0) e as demais 50 para o segundo processador (o processador 1). Entretanto, pela característica do processo iterativa, o processador 1 ficaria ocioso, aguardando o processador 0 computar x(50). Se ambas instâncias de processamento compartilharem a mesma memória computacional (memória compartilhada), então, logo que o processador 0 computar x(50) ele ficará ocioso, enquanto que o processador 1 computará as últimas 50 iterações. Ou seja, esta abordagem não permite a computação em paralelo, mesmo que reparta e distribua o processo computacional entre duas instâncias de processamento.

Ainda sobre a abordagem acima, caso as instâncias de processamento sejam de memória distribuída (não compartilhem a mesma memória), então o processador 0 e o processador 1 terão de se comunicar, isto é, o processador 0 deverá enviar x(50) para a instância de processamento 1 e esta instância deverá receber x(50) para, então, iniciar suas computações. A comunicação entre as instâncias de processamento levantam outro desafio que é necessidade ou não da sincronização () eventual entre elas. No caso de nosso exemplo, é a necessidade de sincronização na computação de x(50) que está minando a computação paralela.

Em resumo, o design de métodos numéricos paralelos deve levar em consideração a alocação de tarefas, a comunicação e a sincronização entre as instâncias de processamentos. Vamos voltar ao caso da iteração (1.1). Agora, vamos supor que x=(x0,x1), f:x(f0(x),f1(x)) e a condição inicial x(0)=(x0(0),x1(0)) é dada. No caso de termos duas instâncias de processamentos disponíveis, podemos computar as iterações em paralelo da seguinte forma. Iniciamos distribuindo x às duas instâncias de processamento 0 e 1. Em paralelo, a instância 0 computa x0(1)=f0(x) e a instância 1 computa x1(1)=f1(x). Para computar a nova iterada x(2), a instância 0 precisa ter acesso a x1(1) e a instância 1 necessita de x0(1). Isto implica na sincronização das instâncias de processamentos, pois uma instância só consegui seguir a computação após a outra instância ter terminado a computação da mesma iteração. Agora, a comunicação entre as instâncias de processamento, depende da arquitetura do máquina. Se as instâncias de processamento compartilham a mesma memória (memória compartilhada), cada uma tem acesso direto ao resultado da outra. No caso de uma arquitetura de memória distribuída, ainda há a necessidade de instruções de comunicação entre as instância, i.e. a instância 0 precisa enviar x0(1) à instância 1, a qual precisa receber o valor enviado. A instância 1 precisa enviar x1(1) à instância 0, a qual precisa receber o valor enviado. O processo segue análogo para cada iteração até a computação de x(100).

A primeira parte destas notas de aula, restringe-se a implementação de métodos numéricos paralelos em uma arquitetura de memória compartilhada. Os exemplos computacionais são apresentados em linguagem C/C++ com a interface de programação de aplicações (API, Application Programming Interface) OpenMP. A segunda parte, dedica-se a implementação paralela em arquitetura de memória distribuída. Os códigos C/C++ são, então, construídos com a API OpenMPI.


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